Redação (13/02/2009)- As chuvas de quarta-feira (10), que regaram boa parte do pampa úmido, confirmam a tendência de um fevereiro úmido e distanciam a possibilidade de um desastre na produção de soja, o único cultivo que hoje está com rendimento competitivo.
Por fim uma boa notícia para o campo. Quando acontece uma chuva generosa e oportuna, o estado de ânimo do produtor muda para melhor.
A seca que se prolongou durante o mês de janeiro até limites inimagináveis foi o sexto registro entre os piores dos últimos 80 anos no oeste da província de Buenos Aires, que causou estragos até o ponto de dividir ao meio a produção total de trigo e, segundo as estimativas de colheita, está perto de fazer o mesmo com o milho. As chuvas dos últimos 15 dias permitiram uma recuperação da soja de primeira e de segunda, e os perfis do solo estão respondendo à umidade.
A soja que não se beneficiou com estas chuvas foi a semeada cedo, durante a segunda quinzena de outubro. Foi o cultivo que mais sofreu estresse hídrico, com grande perda de folhas e abortamento das flores.
O dano pela falta d”água durante seu ciclo já definiu seu resultado. Enquanto a soja de segunda que veio após o trigo, cuja superfície semeada foi inferior a da campanha passada devido à falta de umidade para sua implantação, definirão seu rendimento com as chuvas da segunda quinzena de fevereiro e primeiros dias de março. São esperados rendimentos normais, ao redor de 2.500 kg.
As chuvas foram oportunas mas desuniformes. Os campos de Pehuajó, 9 de Julio, Chivilcoy e Junín, entre outros, ainda estão esperando uma precipitação decisiva que leve a seca e reacomode a umidade de seus solos. No norte de Buenos Aires, apesar das chuvas, a soja não poderá recuperar todo o seu potencial e se estima que rendam menos de 2.000 kg. A soja mais afetada está localizada em Entre Ríos e no centro norte de Santa Fe.
Enquanto em outras regiões como o leste de Córdoba (Marcos Juárez e Unión), foram e seguem sendo beneficiadas pelas chuvas. O rendimento da soja esperado para o local é de 3.500 Kg.
As expectativas econômicas dos fazendeiros estão colocadas na soja, que é a última oportunidade para salvar parte do investimento nesta campanha agrícola. Os rendimentos no trigo foram muito baixos. Em média 2.100 kg/ha, em comparação com os 2.900 kg/ha da campanha anterior. A grande maioria dos produtores que semearam trigo perderam dinheiro, cerca de 100 dólares por hectare, e com certeza voltarão a perder com o milho. Provavelmente perderão mais de 100 dólares por hectare com este cultivo.
A chuva que começou a cair desde a semana passada chegou na hora certa para salvar o que foi investido nesta campanha: cerca de 9 bilhões de dólares.
O dano produzido pela falta d”água na soja ficou registrado ontem, 10/02/2009, na última estimativa do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O cálculo anterior de 49,5 milhões de toneladas foi corrigido para 43,8 milhões de toneladas. Longe dos 46,2 milhões de toneladas que foram colhidos no ano passado. Esta menor produção está semeada numa maior superfície, cerca de 850.000 hectares.