Redação (30/08/07) – Pesquisadores de China, Malásia, Indonésia, Filipinas, Tailândia e Índia confirmaram que o perfil de consumo de alimentos nesses países tem mudado nos últimos anos, graças à melhoria de renda, ao êxodo rural. Eles também corroboram a tese de esses países terão de importar cada vez mais para atender à demanda por alimentos, que cresce e se sofistica.
Mas, discordam dos países do Mercosul quando se trata da pauta de comércio agrícola. Mesmo conscientes de que não possuem água e terras suficientes para expandir a produção a ponto de se manterem auto-suficientes em alimentos, os asiáticos preferem manter Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile apenas como fornecedores de commodities – a saber, grãos e etanol.
No caso da China, o governo pretende investir recursos em pesquisas para aumentar a produtividade das lavouras e economizar água, afirmou Tian Weiming, diretor do Instituto de Economia Agrícola da Universidade de Agricultura da China, em Pequim. O país, observou, investiu nos últimos anos na diversificação da agricultura e incentivou pequenos produtores a plantarem frutas e hortaliças e produzirem suínos, que oferecem melhor renda que soja, milho e trigo. "A China tem menos área agriculturável e vai aumentar as importações agrícolas. Esse é um caminho inevitável. Mas a demanda no mercado externo será de matérias-primas, como grãos."
Ashok Gulati, diretor para Ásia do International Food Policy Research Institute (IFPRI), diz que, para a Índia, que também tem problemas com oferta de água e área disponível para plantio, o Brasil, por exemplo, pode se tornar um grande fornecedor de etanol e feijão. Ele observou que a Índia importa 70% do petróleo que consome e o governo do país estuda adotar misturas de etanol na gasolina. "A produção de cana consome muita água e já é de nosso interesse reduzir o plantio", disse. Ele observou ainda que a Índia também necessitará importar trigo (da Argentina, por exemplo) e de feijão (o país importa 2 milhões de toneladas/ano). "Há espaço para o Brasil se tornar um grande parceiro, mas é necessário fechar acordos."
Para Robert Thompson, da Universidade de Illinois (EUA), a importação de alimentos do Mercosul será inevitável. "Eles terão de importar não só grãos, mas também carnes", previu. Os pesquisadores participaram de seminário promovido pelo Alarn e Icone, em São Paulo.