O relatório mensal de oferta e demanda mundial do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgado ontem foi praticamente uma repetição dos números apresentados no mês passado no que se refere aos dados da safra 2010/11. O que os novos dados confirmaram foi que pelo segundo ano consecutivo o mundo terá uma oferta mundial de soja superior à demanda, fato que permitirá novamente uma recomposição dos estoques globais da oleaginosa.
No relatório de ontem, o USDA reduziu em 0,1% a produção mundial que foi estimada em 249,9 milhões de toneladas. Os estoques finais da próxima safra, no entanto, foram revisados e elevados para 66,99 milhões de toneladas, um aumento de 1,4% sobre a previsão de maio.
Esse ajuste fez com que os estoques finais da safra nova passassem a representar 27% da demanda total para o ciclo 2010/11. Na média dos últimos dez anos, essa relação sempre se manteve ao redor de 23%, o que é considerado um claro sinal de que o mundo ficará confortavelmente abastecido.
“A média dos preços em Chicago nos primeiros cinco meses do ano foi de US$ 9,56 por bushel. A partir do momento que a colheita nos Estados Unidos começar acredito que essa média será reduzida”, afirma Renato Sayeg, da Tetras Corretora.
Os estoques foram elevados principalmente por causa de uma revisão feita na safra 2009/10 do Brasil. Os registros de boas produtividades fizeram com que o USDA elevasse de 68 milhões para 69 milhões de toneladas sua estimativa de produção nacional. Com isso, os preços para agosto recuaram 5 centavos de dólar para US$ 9,155 por bushel.
No caso do milho, o relatório teve um efeito positivo, devido ao aumento da demanda americana para produção de etanol. O necessidade interna dos EUA foi elevada em 2 milhões de toneladas para 289,83 milhões. Isso fez com que os estoques finais da safra 2010/11 fossem reduzidos em 18,7% e estimados agora em 39,97 milhões de toneladas. O resultado foi uma valorização de 5,5 centavos de dólar nos preços do milho para entrega em agosto na bolsa de Chicago, que fecharam o pregão de ontem a US$ 3,525 por bushel.
Para o trigo, o relatório americano também foi positivo. A demanda da China na safra 2010/11 foi elevada para 104,8 milhões de toneladas e foi fundamental para reduzir a estimativa de estoques finais do mundo para 193,93 milhões de toneladas, corte de 2,1% em relação ao número de maio. Com isso, os contratos para setembro fecharam ontem a US$ 4,50 por bushel, valorização de 5,25 centavos na bolsa de Chicago.