Duas características marcantes do mercado mundial de grãos em 2013 serão o forte crescimento das exportações brasileiras de milho, que poderão alcançar o recorde de 22 milhões de toneladas, e a retomada dos embarques de trigo da Índia. A avaliação é da FAO, a agência da ONU para agricultura e alimentação, que realçou que a performance dos dois países emergentes deverá colaborar para um melhor equilíbrio entre oferta e demanda, já que grandes exportadores tradicionais de cereais – especialmente Estados Unidos, no caso do milho, e Rússia, no do trigo – vão reduzir suas vendas externas.
As boas perspectivas para a produção de milho no Brasil (ver matéria nesta página) levaram inclusive a suíça Syngenta, uma das maiores empresas de sementes e agroquímicos do mundo, a planejar investimentos de US$ 77 milhões na expansão de sua produção de sementes no município de Formosa, em Goiás. A capacidade anual da fábrica goiana será quadruplicada até 2015, para 1,6 milhão de sacas.
A empresa leva em conta que a produção de milho no Brasil poderá quase dobrar até 2020, impulsionada pela demanda das áreas de carnes suína e de frango. No mesmo período, segundo a companhia, o valor do mercado de sementes de milho poderá atingir US$ 2,7 bilhões, com o aumento do cultivo da segunda safra e o maior uso de tecnologia nas lavouras. O Brasil já é um dos três maiores países produtores de milho e, como lembrou a Syngenta, tem enorme potencial no longo prazo.
Em comunicado divulgado ontem, a FAO passou a prever uma maior produção mundial de cereais em 2013. A colheita total foi revisada para 2,302 bilhões de toneladas, 20 milhões a mais do que apontava sua projeção de dezembro. Isso se deve, em parte, à maior produção de trigo – principalmente na União Europeia, onde as condições meteorológicas têm sido favoráveis até agora. No caso de milho, as primeiras colheitas já se desenvolvem na América do Sul. Na África, as perspectivas também são favoráveis para a colheita que começa em abril/maio.
A expectativa é de aumento na demanda global por cereais este ano, graças, em boa medida, aos maiores consumos na China, nos Estados Unidos e na Rússia. Nesse contexto, os estoques mundiais vão declinar, em parte por causa de menores reservas na China, na Índia, na Síria, na Rússia e, particularmente no caso do trigo, também na Ucrânia.
Também o comércio mundial de cereais nesta safra 2012/13 deverá declinar para 297,5 milhões de toneladas, 6% menos que na temporada 2011/12, mas 2 milhões de toneladas a mais do que o estimado em dezembro. Enquanto China e Irã deverão comprar mais grãos do que inicialmente esperado, vários outros países, como Marrocos e Etiópia, tendem a importar menos. O comércio mundial de arroz também tende a encolher, por causa de menor demanda de importadores tradicionais como Indonésia e Irã. Do lado dos exportadores, Índia, Vietnã, mas também Brasil e Argentina, venderão menos, segundo a FAO.