O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que o Rio Grande do Sul deve colher quase oito milhões de toneladas de soja no ano que vem. Porém, as quatro indústrias de biodiesel em operação no Estado estão de olho na matéria-prima que vem das pequenas propriedades.
A compra da produção da agricultura familiar garante o selo social que é dado pelo governo federal para as indústrias de biodiesel. Através dele, elas conseguem uma série de vantagens, como incentivos fiscais e a participações em leilões.
A Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado (Fetag-RS) montou um grupo de trabalho para estudar de que maneira os produtores serão incluídos no Programa Nacional de Produção de Biodiesel. O alvo principal são os associados a cooperativas que não fazem parte do Pronaf.
“A gente trabalha com 10 a 15 mil famílias que ainda não têm acesso a fornecer matéria-prima para biodiesel. A gente espera poder avançar mais, avançar bastante, não no sentido de trazer todas elas, mas trazer, com o passar dos anos, conforme for melhorando o programa, o maior número possível de agricultores familiares para fornecimento de matéria-prima”, explica o tesoureiro da Fetag-RS, Nestor Bonfanti.
O grupo pretende manter com as empresas o pagamento de um bônus por saca de soja. O valor é pequeno, mas pode representar uma mudança para as famílias.
“No mínimo, o bônus será de R$ 1. Devemos tentar negociar com a indústria um aumento desse bônus, porque no momento em que o agricultor tiver o bônus, ele vai ser incentivado a também não só trabalhar com a soja, mas também será incentivado a buscar outras alternativas, outras oleoginosas nessa propriedade”, finaliza Bonfanti.