Redação (17/02/2009)- A colheita da safra 2008/09 de soja do Brasil atingiu, até o dia 13 de fevereiro, 8% da produção total estimada, mesmo percentual verificado na safra passada, informou nesta segunda-feira a consultoria Céleres, acrescentando que as vendas antecipadas estão bem atrás dos níveis de 2007/08.
A safra de soja brasileira 08/09 está prevista pela Céleres em 57 milhões de t. A colheita no Centro-Oeste do Brasil, onde ela é realizada antes das demais regiões, está seguindo em um bom ritmo.
Os trabalhos nos campos avançaram 10 pontos percentuais em relação à semana anterior no Mato Grosso, o principal produtor de soja do Brasil, para 18% do total estimado, ante 20% na mesma época do ano passado.
Os dados da Céleres estão em linha com os levantados pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agrícola (Imea), que apontou nesta segunda-feira que 17,5% da área total de soja do Estado já foi colhida, contra 9,8% na semana anterior.
"A colheita de soja na primeira quinzena de fevereiro é tradicionalmente de intensos trabalhos, o que não foi diferente desta semana (semana passada), quando cerca de 430 mil hectares foram colhidos apesar das chuvas", afirmou boletim do Imea, observando que as produtividades obtidas, resultado de chuvas mal distribuídas no início do ciclo, estão variando de 42 a 55 sacas por hectare.
Com as cotações internacionais registrando perdas na semana passada, o que resultou em preços menos atraentes para vendedores, os produtores mato-grossenses realizaram poucos negócios, focando as entregas já programadas para o mês, informou o Imea.
A colheita em Goiás também está mais avançada em relação a outros Estados. De acordo com a Céleres, quase 15% da safra do quarto produtor nacional havia sido colhida até a última sexta-feira.
No Sul, onde o plantio e a colheita começam mais tarde, o Paraná aparece no relatório da consultoria tendo colhido 6% da safra, ante 3% no mesmo período do ano passado.
As condições climáticas no Paraná para a soja estão se normalizando, após uma seca no final do ano passado provocar grandes perdas em relação à estimativa inicial, segundo a agrônoma do Departamento de Economia Rural (Deral) do governo paranaense, Margorete Demarchi. Mas ela ainda não quis falar sobre a produtividade obtida. "Só à medida que colhermos mais é que será possível saber", afirmou
O Rio Grande do Sul, terceiro Estado produtor, ainda não começou a colher, segundo a Céleres.
Vendas lentas
Um real mais fraco frente ao dólar está mantendo os preços internos de soja firmes e as exportações competitivas, mas as vendas antecipadas no Brasil ainda estão 23 pontos percentuais abaixo das verificadas na mesma época do ano passado.
Até 13 de fevereiro, 32% da safra estimada havia sido vendida, apenas 1 ponto percentual acima dos dados da semana anterior, contra 55% de vendas nesta época no ano passado. Na média dos últimos cinco anos, a Céleres aponta um índice de vendas de 46% para meados de fevereiro.
Estimativas menores de safras nos últimos meses, devido ao tempo seco no Sul do Brasil e na Argentina, criaram a expectativa entre produtores de que a oferta será apertada, o que sugere que os vendedores estão retardando as vendas na esperança de melhores cotações em um futuro próximo.
Chuvas no Centre-Oeste
Uma condição climática de seca no Sul tem dado lugar a chuvas regulares desde janeiro, e alguns analistas avaliam que as safras dos Estados sulistas poderão até se recuperar.
O tempo está chuvoso no Centro-Oeste, onde as lavouras estão perto do amadurecimento e precisam ser colhidas.
Segundo a Céleres, produtores dessa região estão ficando nervosos com as chuvas abundantes nesta época do ano, quando a colheita requer um solo mais seco para que as máquinas possam entrar nos campos.