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Brasil perde com restrições à exportação de farelo e óleo de soja para a China

<p>O Brasil está perdendo US$ 400 milhões por ano segundo o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais e o diretor de negócios corporativos do grupo Bunge Brasil.</p>

Redação (06/04/06)- O Brasil está perdendo US$ 400 milhões por ano por causa de restrições à exportação de farelo e óleo de soja para a China. Segundo Carlo Lovatelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e diretor de negócios corporativos do grupo Bunge Brasil, a China está impondo cotas e impostos (VAT de 13%) à exportação de óleo e farelo de soja para que só seja exportado o grão de soja, produto de baixo valor agregado. Só estamos exportando grãos do Brasil; valor agregado, esqueça, disse Lovatelli. Todos estão mudando suas fábricas (de processamento de óleo e farelo) para a China.

Segundo Lovatelli, o Brasil deixou de exportar 1,5 milhão de toneladas de óleo e farelo de soja para a China por ano. Esse volume passou a ser processado em fábricas na China. A redução drástica nessa exportação e substituição pelo produto sem valor agregado, o grão de soja, causa uma perda líquida de US$ 400 milhões por ano para o Brasil. Lovatelli calcula que, dentro de dois anos, o Brasil vai estar exportando apenas soja em grão para os chineses. E como os chineses só estão importando soja em grão, tivemos de instalar fábricas de processamento lá, diz Lovatelli. Por isso, parte da capacidade de processamento da Bunge e de outras empresas está saindo do Brasil e sendo transferida para a China.

A mudança faz parte de uma estratégia de longo prazo da China para agregar valor aos produtos localmente. Em 2003, a China importou 541 mil toneladas de óleo de soja. Em 2004, foram 883 mil toneladas e, no ano passado, apenas 366 mil toneladas. Já a exportação de soja em grão cresceu em 2005: foram 6,1 milhões de toneladas em 2003, 5,678 milhões em 2004 e 7,158 milhões no ano passado.

A China consome 40 milhões de toneladas de soja por ano e só produz 16 milhões de toneladas. E não há muitas condições de aumentarem essa produção de grãos porque a China não tem água nem solo disponível, afirmou.