Os produtores brasileiros acessaram um total de US$ 1,8 bilhão do plano de armazenagem que financiou a construção de silo e armazéns na safra 2013/2014. Essa semana, como parte do Plano Salfra, o governo anunciou um total de R$ 156,1 bilhões em linhas de crédito para agricultores. Destas, aproximadamente US$ 2,3 bilhões estarão disponíveis para aumentar a capacidade de armazenagem. Por outro lado, a média de taxa de juros paga por produtores aumentou 1% para 6,5% ao ano.
O ministro da agricultura do Brasil, Neri Geller, disse que o aumento das taxas de juros não terá grande impacto aos produtores. Ele acredita que o setor foi preservado. “Os ajustes foram muito abaixo da economia como um todo (o Banco Central aumentou as taxas de juros de 7,5% a 11% nos últimos anos)”, afrimou Geller.
A Kepler Weber, uma empresa que fornece aproximadamente 50% dos silos no Brasil, está otimista com relação às vendas mesmo após um crescimento de 40% do mercado no país. Segundo o superintendente da companhia, João Tadeu Vino, a expectativa é de que as vendas permaneçam fortes nos próximos cinco anos.
“Enquanto existir crédito, os investimentos continuarão. A partir de Julho, os investimentos e empréstimos tendem a acontecer ainda mais rápido”, diz ele em entrevista ao Agriculture.com.
Questionado sobre o conhecimento de pequeno e médios produtores sobre a importância da armazenagem, Vino disse que a consciência tem crescido exponencialmente. “Um número impressionante de pessoas vêm falar conosco nas feiras Coopavel, no Bahia Farm Show, na Expodireto e na Expointer”, explica Vino.
De uma região onde médios produtores têm de 300 a 500 hectares, Claiton Santos, da TS Corretora de Passo Fundo, noroeste do Rio Grande do Sul, analisa que o que faz os produtores investirem em armazenagem é o tempo hábil para pagar os credores.
“Com uma taxa de juro baixa, eles têm de 10 a 30 anos para pagar. Eles também evitam o pagamento de R$ 6 por saca para armazenar com terceiros, e ainda evitam investir em terras caras e preços ruins. Mas ainda não acompanham o crescimento da área plantada”, diz Santos.
Em Luís Eduardo Magalhães, no oeste da Bahia, o produtor médio tem dois mil hectares, mas o que empurra os investimentos na região é a concorrência de produtores ainda maiores. “Apesar dos produtores aqui serem grandes, o déficit de armazenagem é enorme. Agora eles tendem a investir mais porque grandes corporações como a SLC e a Maggi estão vindo”, explica Raimundo Gregório, diretor da consultoria Grãos da Terra.
A capacidade atual de armazenamento do Brasil é de 146 milhões de toneladas de grãos, enquanto que o número ideal seria de 200 milhões de toneladas ou 120% da produção total.