Após quebras da última safra principal e da safrinha e com baixa remuneração, os produtores de milho paranaenses seguem tendência de redução de área no próximo período. Estimativa do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab) aponta redução de 20% da área plantada, índice que deve ser superior no levantamento que estava sendo finalizado esta semana. Em agosto a estimativa era de que 1,01 milhão de hectares seriam cultivados – na safra anterior foram 1,27 milhão.
O valor baixo de remuneração leva o agricultor a migrar para a soja, cultura de menor risco e de maior liquidez. “O produtor de milho, que sofreu com problemas climáticos nas duas safras do ano, agora sofre com preços muito baixos”, diz Margorete Demarchi, técnica do Deral. Na safra de verão houve uma quebra de 25% e na safrinha as perdas chegaram a 28%. Na semana passada a saca do produto era comercializada a R$ 14,48, valor que tem permanecido estável. No mês de agosto, a média estava em R$ 14,70. O preço mínimo estabelecido para o produto é R$ 16,50.
Apesar da redução de área, a estimativa é de uma produção maior, em torno de 7,08 milhões de toneladas, 8% maior que as 6,56 milhões colhidas no ano passado.
A próxima safra já parte com um estoque inicial que de 9 milhões de toneladas. Os preços sofrem a interferência do excedente e mesmo a retirada de quase 4 milhões de toneladas por meio do Prêmio de Escoamento da Produção (PEP) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) este ano não foi suficiente para o aumento da remuneração do produto. Somente na última quinta-feira, 800 mil toneladas saíram do mercado pelo PEP.
Segundo Demarchi, o aumento das exportações poderia influir positivamente nos preços. Porém, o estoque mundial chega a quase 140 milhões de toneladas. O Brasil que esperava vender no exterior de 8 a 9 milhões de toneladas no ano passado, só exportou 6,4 milhões de toneladas. “Este ano, o volume exportado também não deve alcançar as expectativas””, estima. De acordo com o Deral, de janeiro a agosto foram vendidas 3,9 milhões de toneladas no exterior. “O milho é um produto para o mercado interno”, afirma.