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Câmbio e insumos são entraves à produção

<p>O preço das commodities está positivo, mas o câmbio é determinante para definir a rentabilidade dos produtores.</p>

Redação (13/12/2007)- O câmbio desfavorável para as exportações e a alta nos preços dos insumos utilizados no campo preocupam os agricultores gaúchos que começam o plantio da safra 2007/2008. Estudo relativo aos custos de produção divulgado ontem pela Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro/RS) mostrou a elevação dos gastos previstos para as safras de soja e milho. "O preço das commodities está positivo, mas o câmbio é determinante para definir a rentabilidade dos produtores", explicou Rui Polidoro, presidente da entidade.

Na safra de soja, o primeiro levantamento pós-plantio aponta uma área cultivada de 3,9 milhões de hectares, com um rendimento médio estimado de 2,4 mil kg/ha. A expectativa é de colheita de 9,38 milhões de toneladas. O custo total de produção para a safra é de R$ 28,97 a saca, uma elevação de 16,72% em relação à safra passada, estimulada, principalmente, pela elevação do preço de fertilizantes e outros insumos. O preço de mercado, tendo por base a primeira semana de dezembro de 2007, é de R$ 37,50 a saca. O produtor terá de colher 30,9 sacas de soja por ha para cobrir o custo total de produção. A margem líquida é de R$ 8,53, ou 29,43%. "Não fosse pelo câmbio, possivelmente teríamos as melhores margens dos últimos anos", comenta Tarcísio Minetto, consultor econômico da Fecoagro/RS e autor do levantamento.

No caso do milho, a segunda estimativa indica área de 1,42 milhão de hectares, 4,8% acima da safra passada. A colheita será de 6,17 milhões de toneladas, sendo que 87% da área já está plantada. Os gastos com fertilizantes e outros produtos usados na lavoura ampliarão o custo em 15,07%. O produtor terá de colher 61,34 sacas por hectare para cobrir a produção e terá margem de R$ 5,53 por saca, ou 30,42%. O preço do produto poderá aumentar conforme a demanda nos Estados Unidos para a produção de etanol.

O custo de produção do trigo, na safra 2007, foi revisado para cima em 12,29% sobre o ano passado. A previsão de colheita é de 1,7 milhão de toneladas em 830 milhões hectares plantados. O resultado para o trigo é negativo, com prejuízo de R$ 5,05 por saca, margem negativa de 17,11%.
Mesmo com este cenário, os resultados gerais serão positivos pela segunda safra seguida, após as quebras nos dois

últimos anos. "A safra anterior foi boa e deu início a um movimento de recuperação, embora os preços não tenham sido tão bons. Para a próxima safra, esperamos resultado igual, podendo melhorar conforme o clima e as cotações", explicou Rui Polidoro. A continuidade da recuperação possibilitará o pagamento de parte da dívida dos agricultores gaúchos, que chega a R$ 11 bilhões. "Nesse ritmo, a dívida poderá ser quitada em dez safras", comentou. Com relação à alta nos preços de alimentos ao longo de 2007, que só na Região Metropolitana de Porto Alegre foi de 11,25% de acordo com estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), a entidade explica que os custos totais de produção aumentam anualmente. Durante o Plano Real, o IGP-DI cresceu 265%, muito acima dos preços das commodities. A Cesta Básica teve seu preço reajustado em 204,4% no período. "A alta nos preços ocorreu apenas neste ano, mas há perdas acumuladas", alertou Minetto.