Redação (20/07/07) – A desvalorização do dólar – em torno de R$ 1,86 – justifica a anulação dos ganhos. Além disso, há o desconto no porto, que aumentaram neste ano, em função da grande oferta de soja na América do Sul.
Segundo cálculos da consultoria FCStone, a média de preços dos contratos negociados este ano em Mato Grosso estão próximos de US$ 12,50 a saca de 60 quilos, 28% superiores aos cerca de US$ 9,7 a saca do mesmo período de 2006. No entanto, convertido para a moeda nacional, o valor deste ano ao produtor fica R$ 23 (câmbio a R$ 1,86), apenas R$ 1 superior aos R$ 22 registrados no mesmo período do ano passado, quando o câmbio estava em R$ 2,26, segundo Glauco Monte, consultor de gerenciamento de risco da FCStone.
No Paraná, a relação está menos desvantajosa, mas também semelhante. Segundo a FCStone, os negócios no Estado para a safra 2007/08 estão sendo fechados a US$ 15,5 em Cascavel, ante a média de 11,9 do mesmo período de 2006. Mas, em moeda nacional, esse valor em 2007 fica em torno de R$ 29 a saca e, em 2006, R$ 27. "A diferença é que neste ano, os custos de produção serão maiores por conta da alta dos fertilizantes", acrescenta o analista.
Além do câmbio valorizado, outra questão que minimiza os ganhos da Bolsa de Chicago (CBOT) no mercado brasileiro é o desconto no porto. Enquanto que, entre 13 de junho e 13 de julho – maiores preços da soja no ano – a commodity se valorizou 9,7% na CBOT, o produto no porto brasileiro teve alta menor, de 7,9%.
A relação dos preços internacionais da soja com o câmbio e prêmio-porto, estão desestimulando os negócios de soja no Brasil. Segundo Paulo Baraldi, da Soma Corretora, em torno de 25% da safra 2007/08 está comprometida, sendo que, 18 pontos percentuais estão precificados. "Acredito que sete a oito pontos desses precificados fizeram negócios nesses últimos 30 dias, o que é um volume baixo, se considerar os níveis de preços. Acredito que esses negócios poderiam ser, pelo menos, o dobro em volume", estima Baraldi.
No mercado físico, ou seja, a soja da safra 2006/07 o comprometimento da safra atingiu 80%, dos quais 72% desse total precificados, segundo levantamento da Soma Corretora. "Desses contratos fixados, em torno de 10% a 15% venderam nos altas do último mês", acredita Baraldi. Nos cálculos da Glauco Monte, da FCStone, em torno de 40% da safra 2007/08 teve preços fixados até agora, dos quais em torno de 10 pontos percentuais conseguiram fixar os preços de US$ 9 por bushel para o próximo ano.