Redação (16/05/07) – Segundo levantamento da AgRural, a rentabilidade (sobre o custo operacional) do produtor de soja do Norte de Mato Grosso, que na safra atual é de cerca de 14%, cairá para patamares de 5% na 2007/08, caso o câmbio continue nos patamares atuais.
Este cenário é vislumbrado mesmo se os preços internacionais na bolsa de Chicago (CBOT) continuarem altos. Os contratos para a próxima safra estão sendo negociados em média a US$ 8,27 o bushel, valor 26% superior à média de comercialização da safra 2006/07 no estado, segundo Fernando Muraro, analista da AgRural.
A questão central, segundo ele, está no impacto da cotação da moeda americana nos preços do frete. "O real é a moeda que forma o valor do transporte no Brasil (custos com diesel, manutenção, salários, etc). Quando este custo é convertido para dólar nessas baixas cotações, o valor fica mais alto", explica.
A AgRural estima que o frete de Sorriso (MT) até o Porto de Santos (SP) saltará na próxima safra para níveis entre US$ 105 e US$ 110 a tonelada, cerca de 16% maior que o valor médio praticado na 2006/07 (US$ 95). A baixa na rentabilidade será mais um desestímulo para aumento de área no Centro-Oeste, que é a região que tem mais terra disponível para abertura de novas lavouras, mas também pior logística. Para o pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), Lucílio Alves, é preciso avaliar que, por outro lado, essa retração na cotação da moeda americana pode resultar em pressão menor sobre os preços os insumos. "Cerca de 15% do que é desembolsado para produzir soja é gasto em moeda estrangeira", pontua Alves.
Já Muraro não aposta em redução de despesas na lavoura para a 2007/08. "Os custos de produção, que no plantio passado foram em torno de 15% a 20% menores, devem ter aumento na próxima safra, sobretudo por causa das altas nos preços dos fertilizantes", diz.
Aquecimento Interno
Os preços da soja no mercado interno poderiam estar maiores se não fosse o câmbio. Nessa terça-feira, a cotação do grão no Oeste do Paraná foi de R$ 29,50 a saca, 7,8% menor que a máxima do ano (R$ 32 a saca, em 22 de fevereiro). Em Chicago a diferença foi de 4,5%. Segundo o diretor-técnico da Safras & Mercados, Flávio Roberto de França Júnior, o fato de o mercado interno não estar alto na mesma proporção do externo se deve, em parte, à desvalorização do dólar que, desde fevereiro foi de 4,5%.
Mas, segundo ele, nesta época do ano os preços internos deveriam estar menores que a paridade de exportação. No entanto, estão em torno de 7% maiores, graças ao aquecimento do mercado interno, segundo França Júnior. "A demanda interna está superior ao aumento da safra de soja, que foi de 6%", justifica.