Da Redação 21/10/2003 – 04h25 – Desde sexta-feira, caminhões carregados com sementes e grãos de soja só podem entrar ou circular pelo Paraná mediante apresentação de atestado negativo de análise de transgenia da carga.
A instrução, baixada pelo Departamento de Fiscalização (Defis) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab), é uma das medidas para garantir ao Estado a classificação de área livre de soja transgênica.
Nos postos fiscais das fronteiras, a fiscalização das cargas está sob responsabilidade da Empresa Paranaense de Classificação de Produtos (Claspar). Até ontem, mais de 100 caminhões tinham sido proibidos de entrar no Estado. José Venazio Voss, gerente operacional da Claspar, explicou que os veículos não ficam retidos.
“A orientação é que voltem para providenciar a documentação”, disse. Muitos motoristas optaram por esperar em postos de combustíveis até que os proprietários das cargas conseguissem o atestado.
Os postos fiscais de Diamante do Norte na divisa com o Mato Grosso do Sul e Melo Peixoto na fronteira próxima a Ourinhos, no interior de São Paulo foram os que registraram maior volume de fiscalização.
No Melo Peixoto, havia ontem 15 caminhões parados por não portarem o atestado. “Alguns estão aqui desde sexta-feira”, comentou Joel Villas Boas, fiscal da Claspar. O caminhoneiro João Mateus é um dos transportadores que, impedido de seguir viagem, aguardava desde a semana passada.
Como havia muitos veículos parados no posto fiscal, ele optou por esperar em um posto de combustível. No local, havia mais de 20 carretas com o mesmo problema. Mateus vinha de Primavera do Leste (MS) com destino a Ponta Grossa e lamentou por não ter entregue a carga no último sábado, como era previsto. “O prejuízo dos dias parados vai ser grande”, disse ele, que tinha marcado novo carregamento no sábado para levar a Santa Catarina, onde reside. “Perdi essa viagem”, reclamou.
Na divisa com o Mato Grosso do Sul, onde 20 carretas aguardavam no início da tarde de ontem que os proprietários da soja providenciassem o atestado de não-transgenia, a maioria dos caminhoneiros também vinha de Primavera do Leste para entregar a soja em Ponta Grossa.
O fiscal Ezequiel Barbosa dos Santos comentou que os motoristas foram pegos de surpresa. ””Nenhum deles tem o laudo, só trouxeram a nota fiscal””, contou. A Polícia Militar foi acionada para evitar transtornos no trânsito local.
A maioria dos caminhões parados transportava soja pertencente a uma única empresa. “Todos os dias, a empresa carrega mais de 60 carretas”, contou o caminhoneiro Antonio Luis Calegari, antecipando que a tendência era de maior movimento até o final da tarde. Sem poder entrar no Paraná, o caminhoneiro lamentou a falta de estrutura na divisa entre os estados. “Não tem onde comer ou tomar banho. Está difícil”, disse ele, que não tinha esperanças de continuar a viagem ainda ontem.