A destruição das lavouras de soja no Rio Grande do Sul, causada por recentes enchentes, poderá resultar em um aumento nos preços do óleo de soja, bem como das carnes de frango e suíno, alertam especialistas do setor. O farelo de soja, derivado do grão, é um componente essencial na ração destes animais, contribuindo diretamente para o custo de produção.
O estado, que é o segundo maior produtor de soja do Brasil, estava antes das chuvas, com aproximadamente 30% de sua safra ainda por colher, segundo Matheus Pereira, da consultoria Pátria Agronegócios. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) havia projetado uma colheita de 20 milhões de toneladas para esta temporada.
Estimativas de perdas variam entre 2,5 milhões e 5 milhões de toneladas de soja ainda nas plantações, além de danos não quantificados em silos e armazéns, conforme apontam consultorias do setor.
A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) ajustou recentemente sua previsão para a safra nacional de soja, mas ainda sem considerar os efeitos das enchentes gaúchas.
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A situação no Rio Grande do Sul e outros fatores globais estão pressionando os preços da soja, que é fundamental não apenas para a produção de farelo e óleo, mas também para biodiesel, onde 65% da produção brasileira depende do óleo do grão, explica Carlos Cogo, da consultoria Cogo.
Com a elevação nos custos da ração animal, espera-se um reflexo no preço final das carnes de frango e suíno nas gôndolas dos supermercados, enquanto o aumento do preço do óleo de soja poderá impulsionar também os preços de outros óleos vegetais no mercado consumidor.
Os consultores enfatizam que ainda é cedo para determinar a extensão total das perdas, mas as avaliações continuam ao longo de maio. Além disso, os danos às infraestruturas viárias dificultam o escoamento da produção restante, adicionando mais desafios ao setor agrícola já impactado por condições climáticas adversas nos últimos anos.
El Niño
Esta catástrofe ocorre em um momento delicado para os agricultores gaúchos, muitos dos quais já enfrentavam dificuldades financeiras devido às quebras de safra anteriores provocadas pelo fenômeno climático La Niña.
Com a chegada do El Niño, esperava-se um alívio, mas as chuvas trouxeram novas adversidades, comprometendo não apenas a safra, mas também maquinários, estruturas de armazenamento e outros ativos essenciais.
