A próxima safra de soja do Brasil deverá atingir o volume recorde de 91,35 milhões de toneladas, alta 6 por cento ante a safra atual, refletindo aumento de área plantada e da produtividade, previu nesta segunda-feira a consultoria Céleres.
O primeiro levantamento feito pela empresa para a safra 2014/15, que começa a ser semeada em meados de setembro, indica um aumento de 3,6 por cento na área, que deverá atingir 31,2 milhões de hectares.
“Apesar dos receios quanto a uma pressão do mercado devido à safra norte-americana, a boa rentabilidade obtida com a soja nas últimas safras e o melhor resultado em relação a culturas ‘concorrentes’, como o milho, devem levar a uma expansão da área produzida”, disse a Céleres em relatório.
Os Estados Unidos, maior produtor e exportador de soja do mundo, deverão colher uma safra recorde nos próximos meses, o que vem colocando pressão nos preços internacionais. Já as cotações do milho vêm recuando ainda mais e operam no menor patamar em quatro anos.
A Céleres indicou ainda uma melhora de 2,3 por cento na produtividade média. A consultoria ressaltou que usou no cálculo a produtividade de cada Estado nos últimos 15 anos, e que apenas com o início do plantio será possível fazer revisões com base em observações de campo.
Com base em projeções para o câmbio ao final do ano e para os preços da soja em maio de 2015, a Céleres traçou perspectivas de margem operacional bruta para os produtores de soja, que deverá atingir média de 783 reais por hectares.
Em um cenário de câmbio menos favorável e de preços internacionais abaixo do esperado, a margem operacional bruta deve ser de 520 reais por hectare e, num cenário mais favorável, a margem subiria a 1.045 reais por hectare.
“É importante notar que, mesmo no pior cenário, não há estimativa de margens negativas para a soja em nenhum dos Estados analisados (considerando-se apenas os custos operacionais)”, disse a Céleres.
Desta forma, apesar da pressão sobre as cotações da soja, a atividade ainda deve ser rentável na safra 2014/15, estimou a consultoria.
MILHO E ALGODÃO
A Céleres estimou uma safra de milho verão (plantada no mesmo período que a soja) de 36,1 milhões de toneladas, alta de 6,1 por cento ante 2013/14, com uma elevação da produtividade mais que compensando a redução de área.
“Vale lembrar que em 2013/14, o rendimento no campo foi prejudicado pelas adversidades climáticas”, disse a consultoria, sobre as lavouras de milho verão.
Pelo terceiro ano consecutivo, a produção de verão será superada pela de inverno, que deverá consolidar-se como a principal safra durante o ano.
A colheita de inverno, comumente chamada de “safrinha”, foi projetada em 49,1 milhões de toneladas, alta de 10,6 por cento ante 2013/14, em meio a um pequeno aumento na área de cultivo e melhora da produtividade.
“As estimativas de área de plantio para 2014/15 estão diretamente relacionadas à análise de rentabilidade da cultura. O atual cenário de mercado ainda é baixista, dada a pressão externa em função dos elevados estoques de milho e as expectativas quanto à safra norte-americana”, disse a consultoria.
Para o algodão, foi projetada uma safra de 1,43 milhão de toneladas de pluma, queda de 18 por cento ante a colheita de 2013/14, devido a uma redução similar na área plantada.
“A redução dos investimentos tende a ocorrer em função dos baixos preços praticados no mercado interno, que têm limitado a rentabilidade da cultura em 2013/14”, disse a Céleres.