Alternativas para dieta animal que combatem a escassez e altos preços do milho foram colocadas em pauta no stand do Programa Paraná Cereais de Inverno e 2ª Safra. O debate aconteceu durante o Dia de Campo da Lar Cooperativa Agroindustrial, entre os dias 11 e 13 de janeiro.
No segundo dia de evento, o pesquisador do Instituto Agrônomo do Paraná (IAPAR), dr. Elir de Oliveira, ministrou a palestra: “Utilização de grãos de inverno nas rações para animais, em alternativa parcial ao milho, em tempos de escassez e risco climático”.
Na ocasião, o palestrante destacou o programa Paraná Cereais de Inverno e Segunda Safra, idealizada pelo Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná – Sindiavipar, pela Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), Sistema Ocepar e Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP).
O presidente do Sindiavipar e da Lar Cooperativa Agroindustrial, Irineo Da Costa Rodrigues, salientou na abertura da palestra que a produção teve mudanças significativas nos últimos anos. “O milho, além de ser a principal fonte de energia em ração animal, está sendo destinado a mais dois caminhos, principalmente: para exportação devido à valorização do dólar e ainda para a fabricação de etanol. Isso tudo resultou em escassez do grão e encarecimento do produto”, disse.
Paraná Cereais de Inverno e Segunda Safra
Atualmente, no Paraná, existem um total de 2.737.000 (ha) em pousio ou apenas com uma planta de cobertura no inverno. As informações são do pesquisador Elir de Oliveira, com base em dados adaptados da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento – (SEAB) e do Departamento de Economia Rural (Deral).
“Esse é um dos principais desafios do programa, incorporar essa área, para produzir alimento com cereais de inverno de alta qualidade. Nós temos cultivares para isso, temos espécies, tecnologia. Sendo assim, é um desperdício para a sociedade, a cadeia produtiva e o produtor, deixar essas áreas em pousio”, destaca Oliveira.
Benefícios da palhada e rotação de culturas
Para o pesquisador do IAPAR, os produtores já têm utilizado bem técnicas que ajudam no melhor aproveitamento de nossos recursos. Exemplos disso são a rotação de culturas e a palhada na cobertura do solo.
Desta forma, a rotação de culturas é extremamente importante para:
– Diversificação biológica do solo;
– Ciclagem de nutrientes.
Além disso: “a palhada pode economizar cerca de 20% da água no solo. Ou seja, o produtor utilizando este método, já é uma forma de garantir uma boa germinação e arranque inicial”, explica Elir.
Desafios dos cereais de inverno
Ainda com base em dados do SEAB/DERAL, Elir ressalta também que a região sul do Paraná acaba não sendo muito propícia para a safrinha de milho. Isso ocorre pois o clima é temperado com verões amenos, invernos muito frios e rigorosos, porém, com chuvas bem distribuídas ao longo do ano.
Além disso, essas condições acabam sendo favoráveis para o desenvolvimento de plantas daninhas e cigarrinhas. Esses desafios foram preocupantes para os produtores nas últimas safras. Mas, para isso, Dr. Elir destacou algumas alternativas:
“Nós defendemos o milho safrinha, pois ele é fundamental. Porém, temos que ter alguns cuidados, como por exemplo, pegar cerca de 30% da área e entrar com a cultura de cereais de inverno. O restante, ou seja, os três quartos da área, continuam com o cereal, porém, a cada ano realizam a rotação de cultura”, propôs Dr. Elir durante a palestra.
Avanços do Paraná Cereais de Inverno e 2ª Safra
Dr. Elir destacou ainda os avanços obtidos no último ano, em que começaram a desenvolver o programa Paraná Cereais de Inverno e 2ª Safra. Entre os progressos obtidos ao decorrer do desenvolvimento do projeto estão:
– A consolidação do caráter público-privado do programa PR-CEIN2 a partir de instituições como Seab, Sindiavipar, Faep, Ocepar e empresas parceiras;
– Identificação de níveis de substituição do milho na ração;
– Conclusão da Minuta Final do Programa entregue à Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (SEAB) para avaliação governamental como política pública;
– Formação de Comitê Técnico-Científico do PR-CEIN2;
– Formação do Comitê Gestor de Programa;
– Criação de modelos adaptáveis de contratos de garantia de compra específicos para grãos de triticale, aveia, sorgo a serem firmados entre empresas comprados e produtores;
– Implementação de eventos de difusão de tecnologias e dos objetivos do Programa realizados nos municípios de Cascavel, Guarapuava, Pinhão e Goioxim.
Para finalizar, o pesquisador Elir Oliveira relatou que agora o objetivo é dar continuidade no Programa, para assim, obter mais avanços. Além disso, a ideia principal é justamente reduzir a vulnerabilidade da cadeia de proteína animal pela excessiva dependência do milho. Com isso, o Paraná Cereais de Inverno e 2ª Safra deve ser uma importante contribuição com o setor, viabilizando novas opções e construindo oportunidades de crescimento aos produtores de proteína animal.