A China, país que mais importa soja em grão no mundo, deverá continuar ampliando suas compras nesta safra 2011/12 para atender sua crescente demanda doméstica. Ainda que os chineses possam liberar parte dos estoques oficiais para tentar limitar o aumento das importações, traders não acreditam que a tendência de alta será evitada.
Fei Zhonghai, executivo da área de comercialização da estatal chinesa Cofco, estima que as importações de soja em grão do gigante asiático chegarão a 58,5 milhões de toneladas na temporada em curso, ante o recorde de 52,3 milhões de toneladas registrado em 2010/11. Segundo ele, o salto deverá ser puxado pela demanda para a produção de farelo destinado a rações animais.
Zhou Xuejun, operador da subsidiária local da múlti americana Cargill, também projeta as importações da China em torno de 58 milhões de toneladas, em linha com o aumento da capacidade de processamento do grão da indústria chinesa. Já Li Chaoyang, gerente de soja do Noble Group no país, estima 61 milhões de toneladas.
Esses traders ressalvam que os volumes de importação previstos podem ser um pouco menores em virtude dos estoques chineses. Estima-se que desde 2008 as reservas acumuladas de soja em grão do país tenham alcançado 5 milhões de toneladas.
Em parte por causa delas, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) projeta as importações chinesas de soja em grão em 56,5 milhões de toneladas em 2011/12, contra as 52,34 milhões do ciclo 2010/11. O USDA calcula os estoques iniciais totais de soja em grão da China em 2011/12 em 14,56 milhões de toneladas, acima das 13,26 de 2010/11.
Em uma estratégia recorrente, Pequim tem liberado parte de seus estoques em uma tentativa de conter a inflação dos alimentos em tempos de cotações elevadas das commodities agrícolas no mercado internacional. Desde o fim do ano passado, saíram das reservas chinesas 2,6 milhões de toneladas de soja em grão, 100 mil toneladas de óleo de soja e quase 2 milhões de toneladas de óleo de canola.
A expectativa de demanda aquecida fez com que os preços da soja se recuperassem nos últimos dias. Ontem, na Bolsa de Chicago, os contratos para entrega em janeiro registraram sua terceira alta consecutiva e encerraram o pregão cotados a US$ 12,1025 por bushel, uma valorização de 2,71% sobre o pregão anterior. O valor de fechamento foi o maior desde o dia 4.