Redação (12/03/07) – Amostras de campo feitas em lavouras de soja nos dois municípios (além de Nova Mutum, Campo Novo do Parecis, Sinop e Sapezal) por uma equipe da Agroconsult, como parte do Rally da Safra, indicaram produtividade acima de 50 sacas de soja por hectare, o que "surpreendeu", afirma Bastos. Ele explica que os problemas com chuvas foram pontuais – as áreas mais afetadas foram Sorriso e Lucas do Rio Verde. "A chuva foi um problema localizado e pode ser compensada pelo aumento de produtividade em outras regiões [não afetadas]" do Estado.
Estimativa inicial da Agroconsult, realizada antes do Rally da Safra, indicava produtividade média de 46 sacas, ou 2.760 quilos por hectare, para a soja no Mato Grosso. A previsão da Conab, divulgada semana passada, é um rendimento de 3.010 quilos por hectare no Estado.
Enquanto nas regiões de Lucas e Sorriso houve produtores que tiveram de abandonar áreas de soja por causa da chuva, em Nova Mutum, menos afetada, o produtor Alcindo Uggeri, deve colher 53 sacas por hectare. Ainda assim, o volume é menor do que as 55 colhidas na safra 2005/06. Neuri Secchi, também de Nova Mutum, espera uma produtividade média de 58 sacas no total plantado, mas nas lavouras colhidas até a primeira semana de março, obteve 40 sacas. O motivo é que elas estavam numa área mais afetada pelas chuvas.
"Cinqüenta sacas é o máximo que vamos atingir", avalia Darci Potrick, de Sorriso, que abandonou uma área de 1.300 hectares de soja, alagada pelas chuvas.
Em Lucas, o gaúcho Guerino Ferrarin também plantou milho safrinha sobre uma área de soja não colhida por causa das chuvas excessivas. Apesar disso, prevê uma boa safra. "Em outras regiões, devemos ter recorde de produtividade, mas em Lucas será de 40 sacas", estima Ferrarini. Ele não revela de quanto deve ser o rendimento em outras áreas em que planta, como Nova Mutum e Santa Rita do Trivelato.
Na avaliação do secretário de Agricultura de Sorriso, Fabiano Marson, se a produtividade chegar a 50 sacas na região será "muita coisa". Segundo ele, do início de fevereiro até o dia 22 do mesmo mês, choveu 651 mm, o maior volume desde 1986.
As chuvas castigaram menos os produtores de Campo Novo do Parecis. Assim como em Sorriso e Lucas, eles também plantaram variedades de soja precoce – uma medida para tentar reduzir o impacto da ferrugem asiática -, contudo tiveram mais sorte, com menos chuva na colheita.
O prefeito de Campo Novo, Sérgio Stefanello, também produtor rural, diz que 45% das áreas que colheu apresentam produtividade de 50 sacas por hectare, um número considerado "normal" e acima das 41 sacas de 2005/06 quando o clima e a ferrugem afetaram as lavouras. Ele espera uma produtividade média de 53 a 54 sacas por hectare. "[É uma situação] inesperada por causa da baixa tecnologia empregada", diz Stefanello, que reduziu em 25% a adubação.
Além da expectativa de que o impacto negativo das chuvas na produtividade da soja seja pontual, Guilherme Bastos, da Agroconsult, também destaca que, na atual safra (2006/07), o fungo da ferrugem da soja "esteve presente, mas não foi um problema grave, foi controlável". Isso ocorreu, de acordo com ele, por conta de medidas como aplicações preventivas de fungicida e do vazio sanitário. Além disso, ressalta Bastos, o clima também colaborou, uma vez que no período de maior incidência da ferrugem as variedades precoces já estavam sendo colhidas. (AAR)