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Chuva não reverte danos no campo

Precipitações registradas na região Noroeste do RS são insuficientes para recuperar a soja e o milho.

Da Redação 09/03/2004 – 05h00 – Nem mesmo as chuvas esparsas que atingiram ontem o Noroeste do Estado amenizaram os prejuízos com a estiagem que castiga a região. Apesar de algumas localidades registrarem bons índices de chuvas, as precipitações ainda são insuficientes para reverter as quebras na produção de soja e milho, que são as mais prejudicadas. Em Giruá, se for mantido o baixo índice de chuvas deste início de ano, os danos com o cultivo da soja deverão chegar a 30% do total previsto para o município, que em 2003 colheu sua melhor produção, chegando a 2,1 milhões de sacas. A soja é o principal produto da economia da cidade, que tem 80 mil hectares de área cultivada, sendo 57 mil ha destinados apenas à oleaginosa. As lavouras de milho também estão prejudicadas, acumulando quebras de 80%.

A estimativa do secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Giruá, Elton Mentges, é de que, se a estiagem persistir, a produtividade, que em 2003 chegou a 38 sacas por hectare, melhor média já alcançada, caia para 28 sacas/ha, o que deverá prejudicar principalmente os pequenos agricultores. “Muitos agricultores já estavam planejando tomar o último empréstimo neste ano calculando que, em 2005, poderiam bancar sozinhos a safra. Agora terão que tomar novos créditos e ainda atrasar os deste ano”, avaliou. Das 2,5 mil propriedades rurais de Giruá, cerca de mil têm menos de 10 hectares.

Com 40 ha de soja plantados, sendo 1/3 semeado com o grão transgênico, o agricultor Ildo Élson Mücke estima que seu prejuízo chegue a 40%. Morador do distrito de São Paulo das Tunas, está na área mais seca de Giruá. Segundo ele, neste final de semana choveu 7 milímetros e a última precipitação forte foi em janeiro. “A estiagem pegou justamente na época da formação do grão, que é a mais difícil.” A produtividade foi afetada e deverá ficar em 20 sacas por hectare. Em 2003, Mücke colheu 35 sacas/ha. Ele também terá redução de 30% na produção de leite. As sete vacas da propriedade estão produzindo apenas 80 litros de leite por dia, devido à falta de pasto.