Em fase final de colheita na safra 2008/09, o polo agrícola do oeste baiano tem sido castigado por chuvas acima da média para esta época do ano, o que tende a reduzir o desempenho das lavouras. Soja e algodão, as duas principais culturas da região, devem encerrar a temporada com queda ainda mais expressiva que a que havia sido estimada no início do ano.
Segundo a prévia do levantamento mais recente realizado pela Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), a produtividade da soja ficará em 42,5 sacas por hectare. Em janeiro, a entidade havia estimado 45 sacas por hectare, desempenho menor que as 50,6 sacas por hectare da safra 2007/08.
Caso a temporada termine com as 42,5 sacas por hectare, os 965 mil hectares que seriam ocupados com soja na região deverão produzir 2,4 milhões de toneladas – a previsão de janeiro era de 2,6 milhões de toneladas, frente os 2,8 milhões de toneladas de 2007/08.
“Falta muito pouco para o fim da colheita. Tem produtor que preferiu abandonar a soja no campo e não colher o pouco que faltava”, diz Sergio Pitt, vice-presidente da Aiba. O excesso de chuvas no final do ciclo da planta causa o fenômeno conhecido como “soja ardida”, que deteriora a qualidade do grão em virtude da alta umidade. “As indústrias não compram a soja ardida”, diz o dirigente. As chuvas desta época também fazem com que a vagem da soja se abra e o grão caia no solo, inviabilizando a colheita.
A soja é a principal cultura do oeste baiano. Para a safra 2008/09, previu-se que o grão ocuparia 965 mil hectares, 57% do 1,7 milhão de hectares voltados à atividade nesta temporada. Em comparação com a safra 2007/08, a área de soja foi de 3,2%, segundo a Aiba.
Outra cultura a ser prejudicada é o algodão. Também de acordo com os dados prévios do novo levantamento da entidade, a produtividade das lavouras da fibra deverá ficar entre 233 e 235 arrobas por hectare, em vez das 260 originalmente previstas, segundo Pitt. Na safra 2007/08, a produtividade foi de 270 arrobas por hectare.
Caso a nova projeção se confirme, e levando-se em conta a área de 282,1 mil hectares prevista pela Aiba, a produção da fibra será de 986 mil toneladas, volume 17% menor que o da temporada anterior. Em janeiro, a estimativa era de queda de 7,4%, para 1,1 milhão de toneladas. As chuvas em excesso causaram, em algumas lavouras, o apodrecimento das maçãs de algodão – fase que antecede o amadurecimento completo da fibra.
Apesar das perdas ocasionais, que devem reduzir produtividade e produção das principais culturas da região, a safra 2008/09 encerra-se sob um cenário menos assustador que o que se desenhava na fase de plantio, quando os preços das commodities entraram em rota descendente e o temor com a crise econômica ganhou corpo.
“O câmbio até deu uma recuada, mas o preço estabilizou-se em um patamar razoável”, diz Pitt. Os produtores do oeste da Bahia também confirmaram para junho a realização da terceira edição do Bahia Farm Show, feira de máquinas que substituiu a Agrishow no município de Luís Eduardo Magalhães.
Na revisão das projeções da Aiba, não deverá ocorrer grande alteração das estatísticas sobre o milho, a terceira cultura mais importante no oeste da Bahia. A área dedicada ao grão prevista em janeiro é de 180 mil hectares, o que corresponde a uma queda de 2,7%, ou 5 mil hectares, frente à temporada 2007/08. A produção estimada é de 1,18 milhão de toneladas, 9,3% menos que o do ciclo anterior.
A área agrícola do cerrado baiano, de 1,708 milhão de hectares, é pouco superior à ocupada há um ano, de 1,695 milhão de hectares. Aproxima o oeste baiano, contudo, do limite para a atividade agrícola que não necessita de irrigação – dos cerca de 5 milhões de hectares de cerrado baiano, 2 milhões ficam em área com volume de chuvas entre 1,4 mil e 1,8 mil milímetros ao ano, segundo o presidente da Aiba, Walter Horita. “Após os 2 milhões de hectares, o plantio vai ter que ser feito em áreas marginais, que exigem irrigação”, diz.