Redação (18/07/2008)- Os preços dos principais grãos voltaram a cair no mercado internacional puxados pelas notícias de que o clima nos Estados Unidos está melhorando. A queda do petróleo nos últimos dias e a liquidação de alguns contratos por parte dos fundos também são apontados por especialistas como fatores que favoreceram a forte queda. Com isso, a soja com o vencimento em setembro caiu 3,3%, ficando em US$ 15 o bushel. No caso do milho, os contratos com vencimento em setembro recuaram para US$ 6,5 o bushel, número 4,1% menor que o pregão anterior.
Para Flávio Roberto de França Júnior, analista da Safras & Mercado, a única novidade no mercado é que o senado argentino rejeitou a lei sobre as novas tarifas de exportação. "Isso reduziria a tensão por lá e poderia colocar o país novamente no mercado, aumentando a oferta de grãos", analisa. O analista acrescenta que o crescimento da inflação nos Estados Unidos e os rumores de recessão completaram o pacote de fatores que causaram nervosismo.
"O mercado está muito volátil. Mas o que vai afetar o milho e a soja daqui para frente é realmente o clima", avisa Leonardo Menezes, analista da Céleres. Ele disse que existe também uma forte correlação entre o mercado de energia e as commodities. "A queda do petróleo favoreceu muito essa forte perda". Ele explica que caso a recessão americana aumente, o consumo de algum produtos podem cair e reduzir a demanda, favorecendo uma maior queda nos preços.Gonçalo Terracini, analista da FCStone, diz que nessa época é normal o mercado ficar confuso. "A expectativa da massa de ar quente mudou. Agora as informações apontam nova melhora no clima americano".
O diretor da Agrosecurity, Fernando Pimentel, também acredita que o principal fator para a queda nas cotações dos grãos foi a melhora no clima. "A inflação e a questão da Argentina são muito secundários. O clima deverá ser o principal fator que regulará o mercado até a consolidação da safra", finaliza.
Açúcar
Os preços do açúcar também registraram forte baixa no pregão de ontem. Os contratos 11 com vencimento em março recuaram 6,6% e fecharam em 14,29 centavos de dólar por libra-peso. Miguel Biegai, analista da Safras & Mercado, avisa que existe um forte rumor no mercado de que muitos fundos deverão realizar lucro nos próximos meses, fator que pode derrubar ainda mais os contratos da commodity. "Os fundos estão com muitas posições compradas. Esse terrorismo acaba deixando o mercado tenso".
Biegai credita parte do movimento à queda do petróleo e diz que o movimento foi técnico, com muita realização de lucros. Para ele, as cotações não deverão permanecer baixas. "É normal após uma forte queda o mercado reverter no dia seguinte e recuperar", explicou. Disse que o momento agora não é de venda, mas de espera.