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Com alta da soja, Cocamar desiste de projeto de biodiesel

<p>A alta recente no preço do óleo de soja e o recuo do petróleo fizeram a paranaense Cocamar engavetar os planos de construir uma usina de biodiesel tendo a oleaginosa como matéria-prima.</p>

Redação (23/11/06) – A cooperativa paranaense, uma das maiores do país, pretendia instalar uma unidade com capacidade para 10 milhões de litros por ano no Estado, mas abandonou o projeto quando os custos de produção começaram a se emparelhar com o valor pago pela Petrobras nos leilões de biodiesel.

“Existiu um intervalo nos gráficos do petróleo e da soja para ganhar dinheiro, mas a situação mudou, e a conta não fecha mais”, disse à Reuters o presidente da Cocamar, Luiz Lourenço.

“O projeto (da unidade) teve de ser abandonado”, afirmou o presidente da cooperativa, que chegou a obter o selo de “combustível social” concedido pelo governo, ao atender a exigências como compra de pequenos produtores.

Agora, a Cocamar estuda alternativas de matérias-primas como a borra de soja –um tipo de sedimento obtido no processamento da oleaginosa. Mas o uso deste insumo demandaria uma usina com características bem diferentes da alimentada com óleo.

Lourenço defendeu o desenvolvimento do plantio de outras culturas no Brasil para a produção de biodiesel. Para ele, é “complicado” depender de um produto voltado à alimentação, cujos fundamentos são totalmente distintos daqueles que regem o mercado de petróleo.

O programa federal de apoio ao biodiesel, no qual estão inseridos os leilões da Petrobras, privilegia a produção do combustível com matérias-primas que não a soja, como a mamona, ao beneficiar o pequeno produtor.

Mas algumas empresas já instaladas têm tido dificuldade em obter volume suficiente para manter suas fábricas funcionando. Algumas delas têm tido de buscar insumos ou mesmo óleo de soja em outros Estados.

O governo brasileiro estipulou 2008 como prazo para que o biodiesel substitua 2 por cento de todo o diesel usado no país. Em 2013, esse percentual passaria para 5 por cento. Mas o governo já sinalizou que esta última etapa poderá ser antecipada.

ALTA ACENTUADA

Nos últimos 60 dias, o óleo de soja subiu quase 30 por cento no mercado brasileiro, sendo negociado no início da semana a 1.684,50 reais por tonelada (posto SP, com ICMS de 12 pct), segundo o Cepea/Esalq.

Em um ano, a alta nominal chegou a 49 por cento.

A média dos preços pagos no último leilão de biodiesel ficou em 1.747 reais por metro cúbico (mil litros).

“(Nos últimos dois meses), tivemos um acréscimo nos valores da soja (no Brasil) e também na bolsa de Chicago… devido à demanda maior por países emergentes, tanto de farelo quanto de óleo”, disse Lucilio Alves, pesquisador do Cepea.

Alves lembrou que também a alta internacional do milho, motivada principalmente pela maior demanda para etanol nos EUA, contribuiu mais recentemente para o aumento da soja.

Este ano, no Brasil, também houve um “descolamento” das cotações internas com os preços de Chicago. O movimento é considerado normal para o segundo semestre, devido à entressafra no país, mas não vinha ocorrendo nos últimos anos por conta do câmbio.

No começo de 2005, o dólar valia cerca de 2,70 reais, caiu para 2,40 reais no meio do ano e chegou a dezembro a cerca de 2,20 reais. Essa valorização do real suprimiu a alta sazonal da soja e derivados, explicou o pesquisador.