De acordo com estudo realizado pelo Serviço Internacional para Aquisição e Aplicações em Agrobiotecnologia, a soja transgênica no país cobre atualmente 93% da produção. No caso do milho, o índice é de 82%, seguido pelo algodão, com 65%. Na próxima safra, será a vez do trigo ganhar destaque. É o que garante o diretor da SNA, Helio Sirimarco.
“O Cerrado, que é uma região imprópria para o trigo, poderá se tornar produtiva com os transgênicos. Isso vai fazer com que o Brasil seja autossuficiente em trigo na safra 2015/16. Vamos exportar com qualidade e importar variedades mais específicas como o grano duro por exemplo”.
Potencial
Pensando nessa possibilidade, a Embrapa lançou as bases para o desenvolvimento do trigo transgênico no Cerrado. Segundo a instituição, a área propícia ao cultivo é estimada em 2 milhões de hectares, com capacidade para produção de 6 milhões de toneladas.
Do total da área potencial na região que envolve Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Bahia, apenas 5% é cultivado com o cereal, o que representa menos de 100 mil hectares.
No momento, a Embrapa desenvolve na região projetos de pesquisa para resolver problemas como tolerância ao déficit hídrico, ajustes no manejo como adubação, ciclo e ações de transferência de tecnologia que permitam incluir o trigo no sistema de produção.
Vantagens
O diretor da SNA, Helio Sirimarco ressalta que, somente com os transgênicos, é possível adequar as cultivares a determinadas áreas de plantio. Para ele, a despeito de opiniões contrárias, “os transgênicos garantem o aumento da produção agrícola e as sementes modificadas são mais resistentes a pragas e doenças, que acabam por diminuir o nível de aplicação de agrotóxicos nas lavouras”.
Já em matéria de saúde, o diretor da SNA não acredita que os transgênicos possam oferecer algum tipo de risco para os seres humanos.
Maior Controle
Sua opinião encontra respaldo nas declarações do doutor em Bioquímica e Biologia Molecular pela Universidade de Valência (Espanha), José Miguel Mulet. Em recente entrevista, o especialista afirmou que os transgênicos são muito mais controlados que os produtos convencionais.
“Existem casos de cultivos não transgênicos que têm causado problemas de toxicidade e tiveram de retirá-los (do mercado). Se fala mal de todos eles (transgênicos) em geral, mas cada caso é particular. Os organismos modificados passam por controles para que não possam hibridizar com espécies selvagens”, explicou Mulet.
Segundo ele, o medo dos transgênicos tem os dias contados. “Agora chegam os benefícios ao consumidor. Quando este se der conta da quantidade de cores, cheiros e sabores que podem oferecer, ele vai comprar sem medo. Ademais, permitem produzir trigo para celíacos, tomates com antioxidantes que previnem câncer e carne com menos colesterol”.
Ranking Mundial
Relatório do Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia registrou que, em 2014, foram cultivados 42.2 milhões de hectares de culturas transgênicas no Brasil. Esse número representa um aumento de 4,7% em relação ao ano anterior.
Segundo o documento, o Brasil está em segundo lugar no ranking mundial dos países com maior utilização de biotecnologia, perdendo apenas para os Estados Unidos, com 73.1 milhões de hectares.