Redação (8/4/2009) – As vendas dos produtores de soja dos Estados sulistas do Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul, seguem lentas apesar de os preços na bolsa de Chicago em alguns momentos terem superado os US$ 10 por bushel esta semana.
Isso ocorre mesmo com um câmbio favorável, o que também tem deixado os prêmios nos portos em níveis elevados para esta época de colheita, disseram corretores e analistas.
"O produtor não vende, tem apenas 20% da safra comercializada (no Rio Grande do Sul), bem abaixo do ano passado, quando estava 55 (por cento) nesta época. É por isso que os prêmios estão asssim", declarou Antônio Sartori, da corretora gaúcha Brasoja.
"Historicamente, para esta época, (o diferencial) deveria estar menos 20 (centavos) em relação a Chicago."
Mas os prêmios no porto de Paranaguá (PR), uma das referências no País, estão em torno de 40 centavos acima de Chicago, para as posições mais próximas.
Nos Estados do Sul do Brasil, onde os produtores têm vendido menos, estão alguns dos mais importantes portos para exportação de soja do país. Além de Paranaguá (PR), exportam bons volumes de soja os portos de Rio Grande (RS) e São Francisco do Sul (SC).
A região também engloba dois dos maiores produtores da oleaginosa no Brasil, o Paraná e o Rio Grande do Sul.
Mas os valores atuais aparentemente ainda são considerados insuficientes pelos produtores gaúchos, que arcaram com custos bastante elevados durante o plantio.
"No interior gaúcho, o produtor continuou ausente mesmo com a alta das cotações, que chegaram a R$ 47/saca em Passo Fundo e a R$ 47,50/saca em Cruz Alta", observaram analistas da AgraFNP, em relatório.
"O produtor acha que o preço, em função da situação que está, deve subir", completou Cardoso, da Brasoja – muitos acreditam que, diante de uma demanda firme, os preços podem subir mais.
A consultoria, entretanto, notou na terça-feira algum movimento de vendas no mercado paranaense.
"No Paraná, o dia foi de movimentação expressiva em função dos ganhos acumulados em Chicago", acrescentaram os analistas, notando ainda que o dólar , apesar dos bons patamares, acumula queda no mês.
Expectativa de mais vendas
Dados de outra consultoria, a Agência Rural, confirmam o ritmo de vendas no Rio Grande do Sul citado pelo corretor, apontando que a comercialização no Estado atingiu 22% da produção estimada até março, tendo avançado apenas seis pontos percentuais em comparação ao final de fevereiro.
Igualmente, as vendas dos sojicultores paranaenses avançaram apenas oito pontos percentuais durante março, para 35% da safra esperada, ante 53% no mesmo período do ano passado.
Já em Mato Grosso, onde o produtor também está vendendo num ritmo lento em relação ao ano passado, a comercialização avançou mais no último mês, crescendo 12 pontos percentuais, para 64% do total estimado para a safra, segundo a consultoria. Os negócios em Mato Grosso do Sul andaram 12 pontos e 10 pontos na Bahia, Maranhão e Tocantins.
O preço internacional está em patamares historicamente elevados. Isso, juntamente com o avanço da colheita – os Estados do Sul colhem depois que os do Centro-Oeste – deveria disparar vendas, segundo o analista da Agência Rural, Eduardo Godoi.
"Devemos ver uma evolução nas vendas, com a colheita no Rio Grande do Sul já superando 10% (da produção estimada)", observou Godoi.