Redação (08/12/2008)- O dólar, que permeia todas as transações das commodities, teve influência mais acentuada sobre a soja nos últimos anos. Contribuiu para essa distorção a prática de uma política cambial, mantida pelo Banco Central nos governos FHC e Lula.
O indicador de preços da soja Esalq ficou ontem em R$ 44,22/saca (+0,07%). Em dólar, o indicador ficou em US$ 17,47/saca (-2,18%). O indicador é calculado pela Esalq com base nos preços do mercado disponível em cinco praças do Estado do Paraná. Em geral esses preços não divergem muito dos preços praticados entre as praças, a não ser quando o produto é posto indústria, em Ponta Grossa, ou no Porto de Paranaguá.
Os gráficos da página mostram comportamento diferenciado nos últimos meses, na variação do preço da soja no mercado interno e externo. Tal cenário pode ser explicado em grande parte pela crise econômica internacional que também refletiu na desvalorização da moeda nacional. Em agosto, o dólar valia R$ 1,60 e nos últimos dias o valor do dólar já supera R$ 2,30.
O preço da soja caiu mais acentuadamente no mercado externo, na Bolsa de Chicago, do que no mercado interno. A causa foi a influência da desvalorização do real em relação ao dólar, que sustentou o preço da oleaginosa no mercado interno, como fica claro no segundo gráfico.
Situação inversa aconteceu a partir de 2004 até meados deste ano, quando a moeda nacional valorizou-se em relação ao dólar. Recorda-se que em 2004 o dólar valia mais de R$ 3,10. O preço da soja subiu em dólar no mercado internacional, mas este aumento no mercado externo não foi totalmente repassado para o sojicultor nacional, devido ao longo período que a moeda brasileira permaneceu valorizada. Com esta valorização cambial, o agricultor foi muito prejudicado em sua renda. Esta análise tem como fonte a equipe econômica do deputado federal paranaense Moacir Micheletto (PMDB), vice-presidente da Federação da Agricultura do Paraná.