Redação (21/11/2008)- Representantes do governo federal expuseram nesta quinta-feira (20), na Câmara, medidas de combate à crise vivida pelos produtores de milho no País. Uma delas é o aumento do preço mínimo da saca do grão em 2009, conforme informou o superintendente de Gestão da Oferta da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Carlos Eduardo Cruz Tavares. O aumento seria regionalizado e o valor da saca passaria de R$ 14 para R$ 16,50 no Sul e no Sudeste; de R$ 11 para R$ 13,20 em Mato Grosso e Rondônia; e de R$ 14 para R$ 19 no Nordeste.
Este ano não foi bom para os produtores de milho devido à queda nas exportações do produto. Enquanto em 2007 foram exportadas 10,9 milhões de toneladas, até o mês passado haviam sido exportadas apenas 4,24 milhões de toneladas. Houve redução da área plantada e aumento dos custos de produção, além de um estoque excedente de 13 milhões de toneladas, segundo os números divulgados.
Em audiência na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, o superintendente da Conab disse ainda que existe a intenção de dar aos produtores a opção de compra de 2 milhões de toneladas de milho. Os agricultores poderiam, assim, vender essa produção para o governo ou para o mercado.
De uma forma geral, o governo pretende, em 2009, reservar R$ 2,5 bilhões para a política de garantia de preço mínimo dos mais diversos produtos da agricultura brasileira. A proposta orçamentária do próximo ano já contempla R$ 1,5 bilhão para essa finalidade, segundo o coordenador-geral de Cereais e Culturas Anuais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Silvio Farnese. No entanto, como essa proposta foi elaborada antes da crise financeira mundial, o governo espera agora que os parlamentares aprovem um aporte extra de R$ 1 bilhão para garantir a comercialização dos produtos.
Pedidos
Deputados e representantes de cooperativas rurais que participaram da audiência pediram mais atenção do governo para o setor. O analista econômico do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), Robson Malfioletti, por exemplo, sugeriu um preço mínimo maior, de R$ 19,06, para a saca do milho produzido em seu estado. "O valor de R$ 16,50 proposto pela Conab está abaixo dos custos de produção. A atuação do governo será decisiva para enxugar a oferta e sinalizar preços", afirmou.
Já a deputada Jusmari Oliveira (PR-BA), que propôs a audiência, pediu tratamento igualitário do governo para todas as regiões do País. Ela lembrou que o Nordeste é um grande consumidor de milho e lamentou que o grão produzido no oeste da Bahia fique encalhado, enquanto por ali passam caminhões carregados de Mato Grosso para vender na região. "O oeste da Bahia tem todas as condições de produzir, e o milho é salutar para a nossa matriz produtiva."
O superintendente Carlos Eduardo Tavares respondeu que a regionalização da produção é justamente uma preocupação da Conab. "Nos locais onde há consumo, queremos reduzir a dependência da infra-estrutura nacional", informou. Segundo ele, o governo também está providenciando a construção de um armazém para estocar a produção que comprará do oeste da Bahia, de forma a favorecer a distribuição no Nordeste.