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Conab confirma safra maior, mas teme clima

<p>O primeiro relatório da Conab sobre as intenções de plantio dos produtores brasileiros de grãos na safra 2007/08, confirmou as expectativas de consultorias e corretoras do País e ratificou ao menos uma grande certeza.</p>

Redação (05/10/07) – Como era esperado a partir do comportamento dos diversos mercados agrícolas e de insumos – as vendas de sementes, fertilizantes, defensivo e máquinas estão aquecidas -, o órgão vinculado ao Ministério da Agricultura captou no levantamento que fez entre os dias 17 e 21 de setembro que a área plantada será de fato maior na nova temporada, um novo recorde. 

Levando-se em conta a produtividade média das lavouras nos últimos cinco ciclos, a produção também caminha para se tornar a maior da história. Mas, como já advertiam especialistas e confirmou ontem a Conab, o clima pode não corroborar o resultado sinalizado pela matemática. 

Expectativas confirmadas, fica a certeza, ainda, que permanece inabalável a vocação brasileira em produzir soja. Carro-chefe do campo nacional, a oleaginosa não perdeu a liderança nem com os baixos preços que antecederam o plantio da safra 2006/07. E agora, com cotações internacionais extremamente atraentes, é a soja que puxa o aumento da área de grãos. 

Cálculos do Valor Data deixam mais cristalina esta relação direta entre os preços internacionais – que refletem o quadro global de oferta e demanda – e o plantio doméstico. Em 15 de setembro, às vésperas do início do levantamento da Conab, os contratos futuros da soja estavam 69,73% mais valorizados que em meados do mesmo mês de 2006 na bolsa de Chicago. 

No caso do milho, mais "vedete" do que nunca nos EUA graças à onda do etanol, a alta chegava a "apenas" 36,59% na mesma comparação de contratos de segunda posição de entrega negociados em Chicago. "Roubar" espaço da soja, assim, ficou mais difícil, ainda que sejam mercados de características diferentes – a soja sofre maior influência do cenário internacional do que o milho brasileiro, que busca, graças à boa demanda, se firmar como um produto "confiável" de exportação. 

Ao fim e ao cabo, a Conab calculou para a soja em 2007/08 uma área plantada de 2,4% a 5,7% maior que a de 2006/07 – na melhor das hipóteses, serão 21,872 milhões de hectares. Apesar da pressão dos agricultores de Mato Grosso para uma nova rolagem de dívidas agrícolas, que será definida pelo governo até o fim do ano, é o Estado que puxa esse avanço. Para o milho também haverá aumento, entre 1,5% e 3%, o que representará até 14,423 milhões de hectares no total (verão e inverno). 

No total, portanto, ambos responderão por até 76,1% da área plantada de grãos do país na nova temporada. Segundo a Conab, todos os grãos semeados no Brasil ocuparão entre 46,685 milhões e 47,724 milhões de hectares – 1,2% e 3,4% a mais que no ciclo passado, respectivamente. 

Obviamente a prevalência de ambos também aparece nos cálculos do governo para a produção. Conforme a projeção apresentada ontem, a colheita de soja renderá entre 59,354 milhões e 61,259 milhões de toneladas, enquanto a de milho será de 51,755 milhões e 52,798 milhões de toneladas. No total, a Conab prevê a safra brasileira entre 134,889 milhões e 138,323 milhões de toneladas. 

E aí entra o risco climático. Como os números são baseados na produtividade média das últimas cinco temporadas, e há estiagem em áreas do Sul e do Mato Grosso, o recorde poderá não acontecer. "Teremos um ano em que o clima não será tão generoso como foi na safra 2006/07", disse Silvio Porto, diretor de logística e gestão empresarial da Conab, ao anunciar as previsões. 

Mas, como já informou o Valor, se tudo correr bem a renda dos produtores de grãos poderá voltar ao pico de 2004. A RC Consultores prevê que o salto em 2008 na comparação com este ano poderá chegar a 18,6%, para R$ 70 bilhões.