Da Redação 08/07/2003 – O porto virou a saída para a falta de liquidez no mercado interno de milho. Até 4 de julho, foram embarcadas por Paranaguá (PR) 1,01 milhão de toneladas do grão, de acordo com dados do porto compilados pela Céleres/M.Prado. A maior parte desse volume foi exportada por cooperativas do Paraná.
O volume é semelhante ao exportado em igual período do ano passado, mas chama a atenção porque, nos últimos meses, o dólar desvalorizado deixou as exportações menos competitivas. Ainda assim, as vendas prosseguem.
Hoje, o mercado interno de milho paga quase o mesmo que a exportação. A questão, segundo analistas, é que a demanda interna está desaquecida pois as indústrias consumidoras estão à espera de uma safrinha recorde, que, no Paraná, deve alcançar 4,5 milhões de toneladas, segundo o Deral (Departamento de Economia Rural do Estado). Dessa forma, é preferível vender no transferido do porto ou fazer a exportação direta – uma vez que a liquidez é garantida – a ficar esperando as indústrias comprarem volumes significativos.
“O mercado interno não tem procura; então é melhor exportar”, afirma Marcos Antônio da Silva, gerente operacional de Cooperativa Bom Jesus da Lapa, do município de Lapa, na região de Curitiba.
Segundo ele, 70% do milho da cooperativa será negociado na exportação este ano e o restante no mercado interno. Em anos anteriores, o quadro foi inverso. A Lapa é um bom exemplo de que o importante é encontrar liquidez. Na sexta-feira, Silva vendeu milho no transferido do porto por R$ 16,30/saca, o que significa R$ 13,50 no interior. O valor é o mesmo que o do disponível. Ontem, no oeste do Paraná, o disponível continuava trabalhando na paridade de exportação, conforme a Safras&Mercado.
A Cooperativa Agrícola Mista São Cristóvão (Camisc), de Mariópolis, no sudoeste do Paraná, é outra que busca liquidez na exportação. Segundo Celso Santos, da Camisc, a cooperativa vendeu 3 mil toneladas no transferido de Paranaguá em junho, e planeja exportar mais. “A safrinha é muito grande e as indústrias do Sul também estão recebendo milho do Paraguai”, explica Santos.
Além da demanda fraca, as cooperativas têm outro bom motivo para escoar o milho via exportação, observa Paulo Molinari, da Safras & Mercado. Conforme o analista, a comercialização de soja está atrasada e, por isso, o produto ocupa espaço nos armazéns. Ainda faltam cerca de 50% para serem comercializadas no Estado. O normal nesta época do ano seria 30%.
“O mercado interno não está absorvendo o volume adicional de oferta”, acrescenta Roberto Petrauskas, superintendente comercial da Cooperativa Agropecuária Mourãoense (Coamo), de Campo Mourão. Por esse motivo, a Coamo foi agressiva nas exportações no primeiro semestre.
Petrauskas não informa o volume exportado, mas admite que foi “uma boa parte do total”. E a Coamo não deve parar por aí. Estuda exportar, novamente, “volumes grandes” neste semestre se a taxa de câmbio for favorável. A cooperativa já está em conversações com clientes da Espanha, Japão e China, que exporta milho. No primeiro semestre, as vendas brasileiras foram principalmente para a Coréia do Sul, Espanha, Irã e Japão.