Incentivadas pela nova linha de R$ 5 bilhões disponibilizada pelo Plano Safra 2013/14 para investimento em armazenagem, as cooperativas agrícolas paranaenses já lideram os pedidos de financiamento para esse fim no país. Levantamento do Valor mostra que, pouco mais de um mês após o lançamento da linha, as principais cooperativas do Estado devem investir pelo menos R$ 800 milhões nos próximos dois anos para ampliar a capacidade de armazenagem de grãos.
Com juros subsidiados pelo governo federal, prazo de pagamento de 15 anos e três anos de carência, os recursos do Plano Safra devem provocar uma significativa mudança no patamar de investimento das cooperativas.
A Ocepar, instituição que representa as cooperativas do Paraná, já refez as contas. A entidade estima que as cooperativas do Paraná investirão R$ 670 milhões em armazenagem por ano, quase 50% acima dos R$ 450 milhões investidos anualmente, nos últimos cinco anos.
Segundo Flávio Turra, gerente técnico e econômico da Ocepar, os novos investimentos previstos devem trazer um espaço adicional de estocagem de 1,3 milhão de toneladas. Atualmente, o Paraná conta com 28 milhões de toneladas de capacidade estática, ante uma produção de grãos de cerca de 36 milhões de toneladas entre as safras de verão e de inverno.
“É claro que o ideal é de uma capacidade de armazenagem equivalente à safra, mas a atividade em si não é rentável, por isso a escassez de armazéns. Isso, por outro lado, incentivou as cooperativas a investirem”, afirma Turra.
Segundo Dias, o Banco do Brasil deverá emprestar R$ 4 bilhões dos R$ 5 bilhões disponíveis. Quando anunciou os recursos, o Ministério da Agricultura informou que o mesmo montante deverá ser repetido nos próximos cinco anos.
Até agora, o Banco do Brasil já aprovou investimentos de cerca de R$ 300 milhões, informou Dias. Desse total, R$ 130 milhões dizem respeito aos contratos do Paraná. “Em número de unidades, a maior demanda é do Rio Grande do Sul, mas em volume de contratos é o Paraná”, afirmou o executivo do banco.
Maior cooperativa da América Latina, a Coamo vai investir cerca de R$ 370 milhões na melhoria da estrutura de recebimento e armazenagem até 2015. Sediada no município paranaense de Campo Mourão (ver mapa), a cooperativa utilizará esses recursos para ampliar sua capacidade de armazenagem de grãos em mais de 10% até 2015, passando das atuais 4,43 milhões de toneladas para cerca de 5 milhões de toneladas.
O investimento da Coamo em armazenagem faz parte do pacote de R$ 465 milhões anunciado pela cooperativa no fim de agosto, e 80% desse montante deve ser viabilizado com financiamentos públicos, incluindo a linhas de armazenagem do Plano Safra.
A corrida é para que não se repitam os percalços deste ano. A Coamo deve encerrar 2013 com o recebimento de mais 6,3 milhões de toneladas, colhidas entre as safras de verão e de inverno. Contudo, o desempenho superlativo – é a primeira vez que a Coamo supera a marca de 100 milhões de sacas – veio com um ônus: a necessidade de alugar armazéns, situação que deve se repetir na próxima safra. Os investimentos pretendem reduzir esses aluguéis.
Com sede em Maringá, a Cocamar já protocolou pedidos de financiamento no BNDES, afirmou ao Valor o vice-presidente da cooperativa, José Fernandes Jardim Júnior. Ao todo, a Cocamar prevê investir R$ 145 milhões até 2015, elevando a capacidade de armazenagem em 165 mil toneladas, para 1,180 milhão de toneladas. O investimento não será suficiente para fazer frente ao volume de grãos anualmente recebido pela Cocamar, de cerca de 1,6 milhão de toneladas. “Teria que ter a capacidade do nosso recebimento, mas precisamos fazer devagar porque o fluxo para pagar não é rápido”, afirmou Júnior.
Já a Copacol, que tem sede em Cafelândia (PR) e prevê faturar R$ 2 bilhões neste ano, deve investir R$ 150 milhões até 2015. Segundo Valter Pitol, presidente da cooperativa que tem foco na produção de frango, a principal fonte de recursos será o Banco do Brasil. Até 2015, a Copacol quer elevar a capacidade de armazenagem de grãos das atuais 600 mil toneladas para 900 mil toneladas.
Procurada pelo Valor, a C.Vale, de Palotina (PR), afirmou que ainda trabalha no plano de investimentos, que deverá somar R$ 200 milhões.