À medida que os Estados Unidos confirmam a maior área plantada com milho da história do país, os produtores brasileiros inclinam-se à soja. De acordo com analistas, a tendência é que o Brasil aposte na oleaginosa na próxima safra de verão, tendência inversa da verificada em 2011/12. O produtor paranaense com 500 hectares de soja teve custo operacional de R$ 460 mil e alcança faturamento de R$ 1,05 milhão, considerando o preço médio atual do produto, que é de R$ 52,7 por saca.
Ainda que o milho, em volume, renda o dobro da soja no Brasil, a relação entre os preços dos dois produtos favorece a oleaginosa. “No mercado disponível, o preço da soja [R$ 60 por saca] é 2,35 vezes maior que o do milho [R$ 25,50]. Nunca tivemos um preço maior, mas para o milho já”, resume Carlos Alexandre Gallas, operador de commodities agrícolas da Intertrading.
Mesmo com um cenário mais positivo para a soja do que para o milho, nos Estados Unidos a tendência é que os produtores mantenham-se firmes na decisão de cultivar mais o cereal neste ano, perpetuando sua tradição. A semeadura corre a passos largos no Corn Belt – cinturão de produção do país -, chegando a 17% da área prevista, conforme o departamento nacional de agricultura, o Usda. Nesta mesma época de 2 ano passado, o índice era de 5%. A semeadura da oleaginosa acaba de começar.
Diferencial portuário – O mercado trabalha com uma margem de estímulo e desestímulo regional, o chamado “prêmio de exportação”. Esse índice pode ser inclusive negativo, quando os transportadores enfrentam despesas extras e esperam além do programado nos portos brasileiros. Não há, portanto, uma fórmula que determine o valor desse prêmio, que tem feito a diferença no mercado da soja brasileiro neste momento. “É o comprador [exportador] que decide quanto está disposto a pagar pela soja brasileira”, explica Steve Cachia, analista da Cerealpar .
Os prêmios no Porto de Paranaguá normalmente não menores que os do Porto de Santos, por exemplo. Atualmente, a diferença é de 70 para 80 a 85 centavos de dólar por bushel. Segundo Paulo Baraldi, da Soma Corretora, essa variação está relacionada ao grau de agilidade dos dois portos. Em Santos, “o navio chega mais rápido e carrega mais rápido. Consequentemente, o custo é menor e o prêmio, maior”, acrescenta.