Da Redação 09/01/2004 – 02h00 – O bom preço da soja no final do ano passado estimulou as vendas antecipadas da oleaginosa a ser colhida em 2004. Informações do mercado indicam que 25% a 40% da soja da safra 2003/2004 já foram comercializadas. “Não há números precisos, mas é certo que a parcela vendida antecipadamente foi maior nesta safra”, afirmou Vânia Guimarães, pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luis de Queiroz (Esalq) e professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR). No Paraná, os preços no mercado futuro chegaram a US$ 14,20 no ano passado. A maioria dos contratos é para entrega em março.
Segundo ela, os produtores optam pelos contratos para cobrir os custos de produção. “É uma garantia”, comentou. O mecanismo também é utilizado por quem compra insumos em dólar, financiados, e quer garantir uma parte da remuneração na moeda americana para não correr riscos.
No Mato Grosso, maior produtor brasileiro, é possível que 60% da safra tenham sido comercializada antecipadamente. A avaliação é do analista de mercado Geraldo Dornellas, da Lucra Corretora em Cuiabá. No Estado, o preço da mercadoria chegou a US$ 13,50 por saca para entrega em março. Os principais compradores são grandes indústrias e tradings de exportação.
Dornellas comentou que, normalmente, os produtores vendem 30% da safra antecipadamente para cobrir custos. “Esse ano, por causa do preço bom, o número de contratos aumentou”, disse, acrescentando que 2004 continuará sendo excelente para a soja. “Os estoques mundiais são os mais baixos dos últimos 20 anos e o consumo aumentou”, afirmou.
No Mato Grosso, produtores do município de Lucas do Rio Verde já começam a colher soja super precoce para entrega ainda em janeiro. É o caso de Domingos Muneratto, que vendeu 20% da safra para entrega em março, com preço fechado em US$ 9,00 por saca, e 10% da safra para entrega em 30 janeiro, a US$ 13,50.
Ele só não fechou mais contratos de venda antecipada porque pretende comercializar a colheita até o final de fevereiro, quando a oferta ainda é baixa e os preços são bons. O pico da colheita, nas outras regiões, acontece em março.
Com lavouras no Mato Grosso e no Paraná, o sojicultor Jacy Scanagatta, de Cascavel (PR), contrariou a tendência e não fez vendas no mercado futuro. “Não tenho esse hábito”, justificou. Ele prefere financiar a safra com recursos próprios, obtidos no ano anterior, e comercializar a produção após junho, quando a oferta diminui e os preços melhoram. “A vantagem é que pago os insumos a vista, com desconto”, revelou.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a safra brasileira de soja será de 58,7 milhões de toneladas, volume 12,8% maior que os 52 milhões de toneladas obtidos em 2003. O Paraná, que cultivou 3,9 milhões de hectares, deve colher 11,8 milhões de toneladas em 2004. O crescimento é de 8% com relação à produção do ano passado. No Mato Grosso, foram plantados 5,1 milhões de hectares. A previsão é colher 15,5 milhões de toneladas.