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Cresce o número de testes de transgenia no País

Houve acréscimo de cerca de 30% nas vendas dos testes para detectar OGMs.

Da Redação 03/09/2003 – Cresce no País a realização de testes para detectar a presença de organismos geneticamente modificados na soja. A Gehaka, líder do mercado nacional e representante da americana Strategic Diagnostics Incorporated (SDI), detectou aumento de 30% no volume de testes vendidos em relação ao ano anterior. De janeiro a julho, a companhia comercializou 2.750 kits de testes.

Mas se engana quem pensa que o maior controle está relacionado às regras de rotulagem adotadas pelo governo Lula. Na avaliação de Christian Kaufmann, diretor da Gehaka, os exportadores se preparam para atender as novas normas da União Européia.

Destino de 40% do grão e de 73% do farelo exportado pelo Brasil até julho, o bloco europeu reduziu o percentual de transgenia passível de rotulagem para 0,9% e aprovou a exigência de identificação para farelo, óleo e proteínas derivados da soja. Aprovada pelo Parlamento Europeu em julho, a lei será publicada em breve com prazo de seis meses para adequação. Na prática, isso significa que as regras devem entrar em vigor em 2004.

“Existe uma preocupação de não colocar em risco o cliente”, diz Roberto Petrauskas, superintendente comercial da Cooperativa Agropecuária Mourãoense (Coamo), que está aumentando a análise e o controle das cargas. “Temos feito questão de que os testes representem uma maior porção dos embarques”.

Em entrevista recente ao Valor, Patrick Deboyser, chefe da área de legislação alimentar e biotecnologia da Comissão Européia, afirmou que, com a adoção das novas regras, os produtores europeus de frango e suíno devem preferir o farelo de soja convencional. Uma grande trading confirma que está negociando um contrato de fornecimento de farelo não transgênico para um cliente europeu.”Se eles pagarem o diferencial iremos realizar os testes”, diz a fonte.

Segundo Augusto Freire, diretor da certificadora Cert ID, cinco exportadores de soja estão considerando a possibilidade de certificar alguma de suas rotas como livre de OGM. Nas contas do executivo, o Brasil exporta entre 4 e 5 milhões de toneladas de soja certificada como convencional (incluindo grão, farelo e óleo) por ano. É um percentual pequeno comparado as 21 milhões de toneladas de soja em grão e 14 milhões de toneladas de farelo que o país deve embarcar em 2003, conforme a Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais.

Para fontes do setor, a indefinição política sobre os transgênicos torna mais difícil fechar negócios nessa área. O governo brasileiro deve enviar ao Congresso um projeto de lei sobre o tema em breve. “Garantir como livre de OGM hoje é basicamente pagar os testes. Mas se os transgênicos forem liberados no Brasil, será preciso remunerar o produtor e segregar o grão, o que aumenta o custo”, diz uma fonte.

O importador europeu paga hoje entre US$ 4 e US$ 5 por tonelada de prêmio pela soja convencional. Para César Borges, vice-presidente da Caramuru – empresa cujo farelo é 100% certificado – o prêmio atual paga apenas o custos do teste e não garante repasse ao produtor. “Com uma eventual liberação, vai ficar complicado garantir a soja como convencional. Será a hora da verdade. Iremos saber se há interesse efetivo do importador”, diz.