Da Redação 31/10/2005 – A crise de liquidez que golpeou os produtores brasileiros de grãos neste ano mudou o mapa das vendas de fertilizantes no país. Com a queda da demanda voltada às lavouras de soja e milho, as principais culturas perenes do país (café, cana e laranja) ganharam destaque, e Estados que concentram essas lavouras registraram inclusive aumento da comercialização de adubos.
No total, de acordo com a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), as entregas de fertilizantes ao consumidor final alcançaram 13,075 milhões de toneladas de janeiro a setembro deste ano, 17,7% menos que em igual intervalo do ano passado. E, para o acumulado deste ano, a expectativa da entidade é de uma baixa da demanda nacional superior a 10%.
Entre os Estados produtores de grãos, a maior queda até setembro foi em Goiás (36%), mas houve recuos acima de 30% também no Rio Grande do Sul (32,9%) e Mato Grosso do Sul (32%). Em apenas quatro Estados houve aumento das vendas nos primeiros nove meses de 2005 – Minas Gerais (5,9%), Pernambuco (3,6%), São Paulo (2,8%) e Alagoas (2%).
Entre os quatro, o café é forte em Minas e São Paulo e a cana se destaca entre paulistas – que também concentram a produção de laranja do país – e nordestinos. “Com a crise dos grãos, de fato tivemos uma mudança da geografia do consumo. Essa mudança aparece também na divisão das vendas por nutrientes”, afirma Eduardo Daher, diretor-executivo da Anda.
Os número da entidade mostram que, de janeiro a setembro, a queda das vendas de nutrientes derivados de fosfato, mais dependentes do mercado de grãos, chegou a 24,3% em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto a redução, no caso do nitrogênio (muito utilizado nas culturas perenes) chegou a 14%.
Ainda no segmento de grãos, a redução do uso de tecnologia – fertilizantes principalmente – nas lavouras de soja será, ao lado da estimada redução da área plantada, primordial para a já prevista queda de produtividade na safra 2005/06. Os dois fatores decorrem da crise de liquidez dos produtores. Inicialmente a colheita foi estimada em mais de 60 milhões de toneladas, mas hoje as estimativas apontam para volume inferior.
Antonio Sartori, da corretora Brasoja, por exemplo, prevê 52 milhões de toneladas na temporada. Em 2004/05, segundo a Conab, foram 51 milhões.