Redação (05/12/2008)- A falta de crédito para os agricultores brasileiros provavelmente afetará a produção de soja a partir de 2009, mas a safra seguinte deve ser ainda mais restrita, disse na quinta-feira o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, maior produtor de soja do mundo.
De acordo com ele, o setor agrícola terá dificuldades em manter a atual produção atual, especialmente se não obtiver crédito para fertilizantes e outros insumos antes de plantar a próxima safra.
"Se (o crédito) não voltar para os produtores até maio do ano que vem, haverá problemas. Problemas sérios", disse Maggi, sócio-controlador da Amaggi, maior empresa mundial do ramo da soja.
"No que nos diz respeito, não vamos aumentar a produção nos próximos anos. Estamos tentando trabalhar para manter a mesma quantidade de soja que temos hoje", acrescentou.
No começo da semana, a consultoria Céleres previu que a safra brasileira de soja de 2008/09, que está sendo plantada agora, ficará em 59,4 milhões de toneladas — abaixo dos 61 milhões de toneladas da safra recorde deste ano, e dos 60 milhões da última estimativa do Departamento de Agricultura dos EUA, que deve ser atualizada na semana que vem.
Para Ricardo Arioli, vice-presidente da associação dos produtores de soja do Mato Grosso, a estimativa da Céleres pode estar correta, mas muito vai depender do clima durante o desenvolvimento do cultivo.
"Neste ano, apesar do fato de que o preço dos fertilizantes aumentou e que o mercado está caindo a cada dia, a área da soja foi plantada", afirmou Arioli.
Os agricultores usaram menos fertilizante neste ano, e a produtividade pode cair, afirmou, lembrando que a demanda mundial também está incerta, devido à recessão em muitos países.
"Achamos que no ano que vem teremos problemas de financiamento", disse ele, lembrando que o crédito dos bancos internacionais e dos agentes do mercado de grãos já está menos acessível.
O governo brasileiro, segundo ele, fornece 30 por cento do financiamento necessário para o plantio.
Maggi e Arioli foram a Washington promover esforços de preservação da Amazônia realizados por produtores rurais de Mato Grosso.