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Mercado Externo

Custo reduz renda nos EUA

<p>Líderes em produtividade de grãos, Estados Unidos correm risco de levar prejuízo nesta safra. Agricultores do Meio-Oeste temem não atingir índices.</p>

Ninguém vence o mercado. Líderes em produtividade de grãos, agricultores norte-americanos correm risco de levar prejuízo nesta safra. No coração do Meio-Oeste dos Estados Unidos, a Expedição Safra da Rede Paranaense de Comunicação (RPC) conferiu na última semana que a elevação dos custos de produção e a queda das cotações da soja e do milho reduziram a renda dos produtores agrícolas. Para evitar o pior, não basta reclamar dos especuladores. Eles usam instrumentos do próprio sistema de comercialização, centrado na Bolsa de Chicago, como tática para garantir renda média.

Dos picos de junho do ano passado para as cotações atuais, a soja caiu de US$ 16,5 para US$ 9,5 e o milho de US$ 7,5 para US$ 3,6 o bushel em Chicago, diante da tendência de ampliação da oferta internacional dessas commodities. O valor atual da soja equivale a R$ 35 e o do milho a R$ 13,7 por saca de 60 quilos. “Os insumos subiram junto com as cotações dos grãos em 2008, mas não acompanharam a queda nos preços das commodities do último ano”, reclama Jim Meade, que cultiva 160 hectares em Iowa City, em Iowa.

Ele afirma que não deve ter prejuízo porque contratou seguro de preços que garante cotação média a 100% da produção. “A produtividade deste ano deve ficar perto da alcançada em 2008 se as chuvas permitirem a conclusão da colheita até o início de dezembro. Mas os preços do mercado físico caíram mais de um terço e o custo dos fertilizantes, por exemplo, mais que dobraram.” Na safra atual, o produtor norte-americano desembolsou R$ 1.452 para cultivar um hectare de milho e R$ 900 para a soja. Os custos diretos são similares aos do Brasil. O problema maior está no aumento dos custos de produção.

Os produtores da região temem não atingir índices de 12,5 toneladas de milho e 3,5 toneladas de soja por hectare. Esses patamares são comuns no Meio-Oeste e estão acima das médias do país, estimadas em 10 e 2,8 t/ha, respectivamente. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê de 4,1 toneladas de milho e 2,8 toneladas de soja por hectare no cultivo brasileiro de verão, em fase de plantio.

Há estudos confirmando a redução nos lucros dos produtores norte-americanos. Se eles fossem vender a produção pelos preços atuais, haveria perda equivalente a R$ 34 por hectare no milho e R$ 65 na soja, conforme a Universidade de Illinois. Comparações entre preços de insumos mostram alta de 300% nos fertilizantes e de 360% nos pesticidas entre 2002 e 2009. A diferença é de 68% no desembolso para compra de sementes e de 65% nos gastos com combustível, no mesmo período. O quadro é considerado o pior desde 1990.

Esse prejuízo ainda não se configura na prática porque as vendas são escalonadas e os contratos de seguro funcionam como uma blindagem às oscilações do mercado, relata o produtor Nathan Fishback, que arrenda 1,8 mil hectares em Washington City, Iowa. Ele também contrata seguro de preços (hedge) para 100% da produção e espera cobrir custos com 80% da colheita.

Numa safra em que há risco de queda na produção nas fazendas mais atingidas pelas chuvas, a Bolsa de Chicago oferece contratos que vão além de proteger preços. Diretor de Commodity da CBOT, David Lehman relata que novos tipos de proteções estão sendo acessados por grandes produtores preocupados especificamente com esse possível déficit. Essa espécie de seguro extra tende a se expandir, em sua avaliação, como ocorreu com o seguro de preços nas últimas duas décadas.