Em meio às crescentes preocupações com o clima nos EUA e seu impacto sobre a safra de grãos, os fundos voltaram a apostar na alta dos preços no mercado futuro de Chicago na semana encerrada no último dia 19, segundo os dados divulgados na sexta-feira pela Comissão de Comércio de Futuros de Commodities (CFTC, em inglês).
Os investidores institucionais ampliaram sua posição líquida de compra em soja – de 196,75 mil para 197,15 mil contratos -, e em milho – de 47,9 mil para 63,27 mil contratos. A posição líquida é o saldo entre os contratos de compra, com os quais os fundos apostam na alta dos preços, e os de venda, com o qual se antecipam a uma queda.
A aposta é de que a produção de soja e milho será menor do que o estimado, já que o clima quente e seco em boa parte do Meio-Oeste americano tem castigado as lavouras, que se aproximam do período mais sensível de desenvolvimento. Ontem, os preços da soja para entrega em setembro fecharam em alta de 41 centavos, cotados a US$ 14,67 por bushel. Já os futuros de milho dispararam 40 centavos, para US$ 5,9125 por bushel.
No fim do dia, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) justificou o pessimismo do mercado e apontou que, no domingo, 56% das lavouras de soja estavam em boa ou ótima condição, ante 63% na semana anterior e 68% no mesmo período do ano passado. A qualidade dos plantios de milho também recuou: de 56% para 53% na última semana, distante dos 65% de um ano atrás.
A situação mais crítica é o do milho, uma vez que as lavouras estão entrando no período de polinização, quando as chuvas são fundamentais. As plantações de soja ainda podem esperar mais algumas semanas. “Como os especuladores estavam baixistas em relação ao milho, existe um enorme potencial de compra e de alta nos preços da commodity”, afirma Shawn Hackett, presidente da corretora HackettAdvisors.
Por outro lado, os fundos demonstram menos otimismo em relação a outras commodities agrícolas. Segundo dados da CFTC, os fundos ampliaram – de 6,7 mil para 12,2 mil contratos – sua posição líquida de venda em trigo da bolsa de Chicago. Ou seja, a maior parte dos fundos aposta na queda dos preços do cereal – o que reflete, em parte, o avanço da colheita nos EUA. Mesmo assim, a commodity fechou a segunda-feira em alta de 53,50 centavos, cotada a US$ 7,41 por bushel.
Os fundos também estão pessimistas em relação aos preços do café arábica, negociado em Nova York. Desde fevereiro, os fundos mantêm uma posição líquida de venda nesse mercado – no dia 19, o saldo era de 13,47 mil contratos. Também em Nova York, os fundos reduziram sua posição de compra em açúcar – de 53,7 mil para 45,1 mil contratos.
Os investidores têm evitado tomar risco nos mercados de commodities. O Barclays informou ontem que os fundos sacaram US$ 8,2 bilhões dos mercados futuros em maio. Só os pregões agrícolas perderam US$ 2,3 bilhões. O montante aplicado em futuros de commodities fechou o mês em US$ 394 bilhões, ante US$ 429 bilhões em abril.