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De olho no milho

<p>Desempenho do setor suinícola vai bem e deve continuar assim em 2009. Abastecimento de milho, no entanto, pode comprometer resultados do setor no próximo ano. O cenário macroeconômico de grãos e carnes foi o tema da palestra do economista Alexandre Mendonça de Barros na manhã desta quinta-feira (28/08) no 8o Seminário Internacional de Suinocultura.</p>

Redação (28/08/2008)- A suinocultura brasileira vive um bom momento. A combinação entre mercado interno aquecido, bom fluxo de exportação de carne suína e custos de produção estacionados em patamares confortáveis – por conta da atual cotação do milho – tem garantido boa margem de rentabilidade ao setor.

A tendência é que essa situação mantenha-se assim no médio prazo. O atual preço da carne bovina no mercado interno deve continuar garantindo competitividade aos produtos suinícolas nas gôndolas dos supermercados brasileiros. Já o recuo da oferta de carne suína no mercado internacional, reflexo dos problemas sanitários registrados na China no ano passado, vai garantir novas oportunidades para o setor suinícola brasileiro e preços mais remuneradores com as exportações.

O único motivo de atenção fica por conta do abastecimento de milho em 2009. O plantio de soja está mais atrativo para os produtores e caso não haja incentivos, o milho pode voltar a desempenhar o papel de vilão no próximo ano.

O cenário macroeconômico de grãos e carnes foi o tema da palestra ministrada pelo economista Alexandre Mendonça de Barros na manhã desta quinta-feira (28/08) no 8º Seminário Internacional de Suinocultura. "A suinocultura brasileira terá um bom desempenho em 2008 e tudo indica que esse quadro deve perdurar nos próximos anos", afirma Mendonça de Barros. "O setor precisa, no entanto, ficar de olho no abastecimento de milho e continuar trabalhando para abrir novos mercados para assegurar uma relação mais equânime entre o mercado interno e externo", completa.

Safra cheia – O mercado de milho também esteve no centro das análises do economista. De acordo com Mendonça de Barros, o Brasil vive em 2008 uma realidade de preços bem diferente da verificada no ano passado. Os motivos são simples, explica o economista: produção do insumo é maior e exportações mais modestas. "Em 2007 as exportações brasileiras de milho bateram recorde. No ano passado foram exportadas 11 milhões de toneladas do cereal. A Europa foi o grade importador, registrando a aquisição de 8 milhões de toneladas", explica. "A conjugação entre consumo interno firme e exportações recordes elevou o preço do milho no mercado interno, onerando setores como o de suinocultura".

Segundo Mendonça de Barros, o Brasil deve produzir neste ano 58,5 milhões de toneladas de milho. A exportação brasileira do cereal nos sete primeiros meses de 2008 foi de 3,3 milhões de toneladas. "A Europa terá safra recorde de milho em 2008 e, portanto, não vai repetir os volumes de importação do ano passado. Esses três fatores vão manter o abastecimento estável no Brasil e os preços confortáveis para o produtor até o final do ano", diz o Mendonça de Barros. De acordo com o economista, o Brasil deve encerrar o ano com exportações de milho na casa das 8 milhões de toneladas.

Essa situação, alerta o economista, pode, no entanto, não durar por muito tempo. As linhas de financiamento de safra disponíveis no Brasil estão favorecendo o plantio da soja e os altos custos de produção verificados atualmente – devido à alta do preço do petróleo e, por extensão, dos fertilizantes – podem inibir o plantio de milho e reduzir a safra do ano que vem. "Os produtores devem estar atentos a esses movimentos para evitar problemas no ano que vem", adverte Mendonça de Barros.