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Demanda externa por soja convencional ainda é forte

Há quem diga não para as vantagens propaladas pelas lavouras transgênicas.

Demanda externa por soja convencional ainda é forte

Há quem diga não para as vantagens propaladas pelas lavouras transgênicas. Mas mesmo entre sojicultores de Mato Grosso, Rondônia e Goiás, Estados que cultivam 72% da área plantada com sementes geneticamente modificadas, há muitos participantes do programa “Soja Livre”, criado pela Embrapa em 2010 para proteger variedades do grão convencional, em parceria com pesquisadores, fábricas de sementes e agroindústrias. Segundo produtores, a opção por sementes não transgênicas tem se mostrado um bom negócio, sobretudo na exportação.

Conforme dados da Associação Brasileira de Produtores de Grãos Não Geneticamente Modificados (Abrange), os países europeus e asiáticos compram do Brasil, em média, 5 milhões de toneladas do grão (18% do total de vendas externas) e 6,5 milhões de toneladas de farelo de soja. O Brasil é o principal fornecedor mundial do produto, com destaque para Mato Grosso, responsável por manter 35% das lavouras convencionais em 24 milhões de hectares. Por essa razão, os sojicultores mato-grossenses reivindicam mais programas de preservação, a fim de viabilizar maior oferta de sementes tradicionais para a região e reduzir o custo de produção.

Conforme cálculos da Abrange com base nos dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agrícola (Imea), o custo médio do grão convencional na última safra foi de R$ 366 por hectare, preço 14,68% inferior aos R$ 429 por hectare do geneticamente modificado. Os sojicultores também não têm gastos com royalties (R$ 0,44 por quilo de semente na compra ou 2% sobre a colheita) pagos à empresa que possui a patente da tecnologia. Nos Estados Unidos, o custo dos royalties é de R$ 1,30 por quilo de semente.

No entanto, não basta semear lavouras tradicionais para garantir a venda diferenciada. É preciso zelar por elas desde a hora do plantio até a colheita, limpar plantadeiras e colheitadeiras, estocar os grãos em galpão seguro e, acima de tudo, separar as duas lavouras (para quem planta convencional e transgênica) por uma barreira formada por vegetação ou talhões de 20 metros.

Pelos padrões internacionais, a contaminação de um lote deve estar abaixo de 0,1%. Se houver um grão (ou mais) de milho ou soja geneticamente modificado a cada mil convencionais, a carga deixa de ser considerada não transgênica, comprometendo a venda. Se tudo correr bem, o produtor de soja convencional receberá entre R$ 2 e R$ 5 a mais pelo preço da saca.