Da Redação 16/04/2003 – O Paraná responde por cerca de 80% das exportações de milho no Brasil. Este ano, o estado deve mandar para fora do país 2,4 milhões de toneladas – ou quase 20% a mais do que em 2002. Nesta semana, o escoamento do produto para o exterior começou a se intensificar. De acordo com a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), o movimento de navios que saíam do país com milho, até então esporádico, passou a ser diário.
Ontem, duas embarcações estavam atracadas no cais, sendo abastecidas com 77 mil toneladas – uma delas iria para o Japão (22 mil) e a outra para a Espanha (55 mil). Mais quatro aguardavam a vez para encostar. Com isso, a fila de caminhões nas estradas para descarregar soja e milho nos terminais portuários chegou ontem a 90 quilômetros. O fim dela estava no Contorno Leste (BR-116), quase na Cidade Industrial de Curitiba.
Preço bom
O preço da saca de 60 quilos do milho para venda no mercado externo é considerado elevado, por isso o produtor está sendo estimulado a exportar parte da produção, explica o engenheiro agrônomo Róbson Mafioletti, analista técnico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). “Em Paranaguá, a saca está saindo por R$ 20,00. Descontados gastos com frete e com o porto, o agricultor fica com R$ 17,50, o que é um valor muito bom”, conta.
De janeiro até ontem, no entanto, passaram pelo Porto de Paranaguá 271 mil toneladas de milho, número 73% inferior a igual período de 2002 (991 mil toneladas). Segundo o Róbson Mafioletti, a mercadoria exportada até o momento já tinha sido negociada no ano passado. A partir de agora é que a maior parte da safra será vendida.
O primeiro pico de escoamento, ressalta o analista da Ocepar, deve durar até o fim do próximo mês. Depois, com a colheita da chamada safrinha, a partir de julho, outro período de grande movimentação no porto ocorrerá em setembro e outubro.
A estimativa é que a safra 2003 de milho alcance 12 milhões de toneladas no Paraná, contra 9,4 milhões do ano passado. A safra “normal”, em fase de colheita, foi de 8 milhões de toneladas. Segundo a Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (Seab), 79% dela já foi retirada das plantações. Já a safrinha, cujo plantio se encerrou no mês passado, poderá atingir 4 milhões de toneladas. “Isso se não houver nenhum problema com o tempo. Os próximos meses são de geada, o que poderá afetar parte da safrinha”, adverte Mafioletti.
Calcula-se que a safra nacional fique em torno de 40 milhões de toneladas, e que dela apenas 3 milhões seja exportada. “Cerca de 80% do que o Brasil exporta, em milho, sai do Paraná”, observa o analista. Na avaliação dele, estado tem posição geográfica privilegiada, e possui um porto bem estruturado. “É o maior do país em movimentação de grãos. Além disso, a produção em outros lugares, como São Paulo, não chega a ser suficiente para o mercado interno”, explica.