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Dólar baixo prejudica produtor

Quem tem a soja nas mãos está mais resistente às vendas e aposta em uma recuperação de preços.

Da Redação 06/05/2003 – A constante oscilação do dólar para baixo está retraindo o mercado de comercialização da soja disponível e põe em risco a receita dos produtores que firmaram contratos de vendas futuras na moeda norte-americana. Quem tem o grão nas mãos está mais resistente às vendas e aposta em uma recuperação de preços, sem especular prazos.

A situação é um contraponto a realidade do mercado. Em 2003 a soja está alcançando a melhor cotação dos últimos cinco anos. Se compararmos a cotação da saca (60 quilos) em abril do ano passado, que obteve média de R$ 18, para o mesmo volume comercializado ontem em Rondonópolis – R$ 32 – há um incremento de valores superior a 65%.

Animados pela supervalorização do dólar a partir do quarto trimestre de 2002, produtores expandiram em cerca de 12% as áreas de cultivo em Mato Grosso e apostaram na venda antecipada e hoje sentem os reflexos da paridade do real frente ao dólar.

O analista de mercado da Única Corretora, Ovídio Girardello, confirma a lentidão do mercado, mas resume bem a situação. Em sua análise, ele chama a atenção para os valores estimados e os que estão confirmados no mercado atual.

“Entre outubro e novembro do ano passado tínhamos um dólar a cerca de R$ 3,80 e a saca cotada (em média) no Estado a US$ 8,75. Resultado, um valor de venda de R$ 33,25. Em valores atuais, com a saca mantendo o mesmo preço em dólar, e com câmbio no Brasil a R$ 3, a mesma soja está custando R$ 26,20”, explica o analista.

Outra observação de Girardello é de que a situação pesa para o produtor, porque no final do ano passado os preços dos insumos sofreram a influencia da disparada do dólar e todos tiveram que pagar por isso. “Agora na hora de vender, o ajuste de mercado não é o mesmo”, destaca.

O analista de mercado da Lucra Corretora, em Cuiabá, Geraldo Ornellas, observa que muitos sojicultores comprometeram sua safra mais do que o recomendado – que é de 30% para o custeio da lavoura – e agora poucos possuem a matéria-prima nas mãos. “Mais de 80% da safra 2002/03 já está comercializada, restando apenas cerca de 20% para ser vendido”, exclama.

O produtor e vice-presidente do Sindicato Rural de Sorriso, Sadi Beledelli, reitera o comportamento de mercado. “Se hoje temos que fazer a entrega da soja, vale o dólar atual e não aquele que estava em alta no mercado a meses atrás, quando o contrato foi firmado. Se com a venda futura estamos alcançando valores de cerca de R$ 24, o mercado está pagando R$ 27. O valor da saca em dólar é o mesmo, a mudança está no preço em real”.