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Duelo soja inox e ferrugem

<p>Nova variedade da oleaginosa estreia na safra 2009/10 e travam primeira disputa em escala comercial.</p>

A safra 2009/10 de soja marcará a estreia, em escala comercial, da chamada “soja inox”, que tem sido desenvolvida desde o início da década, quando foram detectados os primeiros casos de ferrugem asiática no Brasil. Desde a safra 2001/02, quando foram encontrados os primeiros focos, a doença, uma das mais danosas para a sojicultura no país, já causou prejuízos de pelo menos US$ 11,6 bilhões.

O combate à ferrugem é feito, em grande parte, com a aplicação de fungicida, mas outras técnicas passaram a ser adotadas com o passar dos anos. A partir da safra 2008/09, todos os principais Estados produtores de soja do país passaram a adotar o vazio sanitário, intervalo de 60 a 90 dias em que o plantio do grão é proibido, como forma de tentar estancar a disseminação do fungo que causa a doença. Entre os grandes produtores, o Paraná ainda não havia adotado a medida.

A utilização da soja inox é a nova frente de batalha contra a doença. Ao menos uma cultivar da Embrapa Soja e duas da Tropical Melhoramentos Genéticos (TMG) chegarão ao mercado em escala comercial. A soja é mais resistente à ferrugem, mas não deixará as plantações livres da necessidade de aplicação de fungicida.

“O monitoramento da ferrugem será o mesmo do feito com a soja que não é a inox. O que muda é que o início das aplicações [de fungicida] pode esperar um pouco, o que, no final, reduz o número de aplicações”, afirma José Tadashi Yorinori, um dos maiores especialistas em ferrugem asiática do país e que, a partir de 2002, trabalhou no desenvolvimento das cultivares inox da TMG. Em plantas que exigem quatro aplicações ao longo do ciclo, a necessidade pode cair pela metade, diz.

Na safra 2008/09, as despesas com controle químico da doença somaram R$ 2,5 bilhões, ou US$ 1,5 bilhão, segundo dados compilados pela Embrapa Soja e apresentados na última quinta-feira. Na temporada 2007/08, as perdas totais causadas pela doença somaram US$ 2,38 bilhões.

Não significa, necessariamente, que os prejuízos caíram de forma drástica entre uma temporada e outra. Os dados sobre perdas na safra 2008/09 não incluíram os cálculos com perdas de grãos e de arrecadação, conta que foi feita nos ciclos anteriores. Exclusivamente com controle químico, as despesas somaram US$ 1,58 bilhão na safra 2007/08, valor bem parecido com o registrado na temporada encerrada em junho.

O número de focos de ferrugem encontrados na safra 2008/09 foi de 2.884, o que representou um crescimento de 37% em relação à temporada anterior. O dado tampouco pode ser encarado como uma grande piora no trabalho de combate à doença no Brasil, ressalva Cláudia Godoy, pesquisadora da Embrapa Soja.

Cresceu o número de laboratórios cadastrados para a coleta de amostras, segundo ela. “O monitoramento é importante principalmente para se detectar a ocorrência do primeiro foco. Depois o trabalho continua, mas para acompanhamento”, afirma.