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"Efeito USDA"

Supersafra dos EUA deve afetar produtor nacional. Preço da saca de soja já está em queda.

Da Redação 14/10/2004 – Os Estados Unidos deverão colher uma supersafra agrícola neste ano. A avaliação foi feita nesta terça, dia 12, pelo Departamento de Agricultura dos EUA. A euforia dos produtores norte-americanos vai se transformar em perda de sono para os agricultores brasileiros.

Os números divulgados superam estimativas anteriores. A colheita de milho deve atingir 295 milhões de toneladas, superando em 14,8% a anterior, enquanto a de soja sobe para 84,6 milhões, com avanço de 26,6% sobre a de 2003/4. Ambas são recordes.

A reação do mercado a esses números foi imediata. A soja recuou para os menores preços em dois anos, e o contrato de maio fechou a US$ 5,36 por bushel (27,2 quilos). Em outras palavras, esse é o preço que os brasileiros devem receber, já que maio é o período em que a safra nacional vai para o mercado.

Aplicada a taxa de câmbio atual a esse preço do mercado futuro referente a maio, a saca de soja recua para US$ 7,60 (R$ 21,43) em Sorriso (MT). O custo de produção na região é de US$ 8,60 (R$ 24,25). Ou seja, o produtor vai desembolsar R$ 2,82 por saca para cobrir o prejuízo.

Produzir soja a esse preço ficou inviável”,  diz o analista Fernando Muraro, da Agência Rural.

A esse nível de preço, agricultor que tiver produtividade abaixo de 60 sacas por hectare (a média é de 50 sacas) não fecha as contas.

Se a queda de preços no mercado internacional complica a saúde financeira dos brasileiros, o mesmo não ocorre com os americanos. Devido a essa redução nos valores de venda, eles passam a receber os preços de garantia do Tesouro dos EUA, que nada mais são do que subsídio. Os brasileiros são remunerados pelos preços de mercado.