Da Redação 28/10/2004 – A principal cultura de campo do Vale do Taquari está perdendo espaço na região para outras atividades agrícolas, como o cultivo de soja. Campeão em produção e em espaço ocupado, o milho teve uma queda de 25% em área plantada na região nas últimas duas décadas.
Entre os motivos destacados pelo agrônomo Nilo Cortez, da Emater Regional de Estrela, para a redução da área de milho no Vale do Taquari estão o valor atrativo da soja, o envelhecimento da população do campo e a migração dos mais jovens para as cidades.
A maioria dos agricultores que continua investindo na cultura é formada por aqueles que utilizam a produção na propriedade – criação de suínos, bovinos ou aves.
Há três anos, o agricultor Julião Jung, 40 anos, de Santa Clara do Sul, produtor e comerciante de grãos, não altera a área destinada ao plantio de milho.
Enquanto o cultivo de soja se expandiu pela propriedade, passando de 50 hectares em 2003 para 80 em 2004, o milho continua estacionado em 30 hectares, e poderá diminuir.
“Não penso em abandoná-lo, mas não vou arriscar meu investimento em uma produção que não vem sendo rentável nos últimos anos”, comenta Jung.
Segundo a Emater Regional, a área plantada com milho no Vale do Taquari foi de 85 mil hectares na safra 2003/2004, mas deverá diminuir em até 3 mil hectares. Hoje, a produção anual na região chega a 300 mil toneladas, a metade da demanda, que ultrapassa 600 mil toneladas.
Para suprir a dificuldade, os produtores recebem milho do governo, e as empresas compram fora do país.
“O milho é uma cultura fundamental para a região, conhecida pela produção de leite, suínos e aves. A situação atual já nos preocupa, pois o grão produzido aqui (no Vale do Taquari) não é suficiente para abastecer a região”, diz Cortez.
No caminho inverso da região, os irmãos Rogério Franz, 46 anos, e João Ademar Franz, 44 anos, de Linha Nova Santa Cruz, em Santa Clara do Sul, aumentaram em cinco hectares a área plantada de milho este ano, na propriedade de 45 hectares em que produzem leite e de suínos.
“Com produção própria, economizamos até R$ 2 mil por mês em alimentação para os animais”, ressalta Rogério.