Redação AI 22/11/2002 – No Brasil, o agronegócio é responsável por 25% do PIB, 37% da mão-de-obra efetiva do país, 40% das exportações e, em 2001, gerou um superávit de US$ 20 bilhões. Ou seja, investir na agricultura significa manter a todo o vapor o desenvolvimento interno e externo do país.
Isso prova também que o mundo agrícola está se transformando. O pensamento voltado única e exclusivamente para propriedade agrícola é uma miopia que tende a desaparecer. Entender que o produto que sai da fazenda percorre uma longa trajetória até chegar à mesa do consumidor e que a sua qualidade tem impacto na eficiência da indústria, nas vendas e no consumidor final, é o desafio. Toda cadeia agrícola tem registrado os reflexos destas mudanças.
Ciente deste cenário, a Syngenta Seeds pesquisa milhos híbridos de alta performance e qualidade de grãos desde a década de 80 e trabalha o tema junto aos agricultores e universidades, desde 1992. Em 1999, a empresa iniciou projetos envolvendo as indústrias consumidoras de grãos de milho, agricultores, universidades e órgãos de pesquisa e análise, com o intuito de contribuir para solucionar a problemática da qualidade dentro da cadeia produtiva.
Criado por profissionais da Syngenta Seeds, o Grupo Coordena atua de forma inédita no monitoramento e controle de pontos críticos na cadeia de produção agrícola. A coordenação de cadeias no agronegócio de produção de aves, suínos e nutrição humana são os focos, pois são pouco exploradas no país, o que diminui a competitividade das empresas brasileiras em relação às suas concorrentes internas e externas, dificultando ainda mais a viabilidade de negócios e comercialização de seus produtos.
Através do Grupo Coordena, a Syngenta Seeds pode ajudar a resolver alguns pontos críticos da produção animal e da alimentação humana, como altos índices de trincas e quebras de grãos durante a secagem do milho, desenvolvimento de fungos e insetos durante a armazenagem, perda de peso e valor nutricional do grão, altos índices de micotoxinas, alta mortalidade inicial, baixas taxas de conversões alimentares e desenvolvimento desigual dos animais, dentre outros.
O milho utilizado e o manejo desse grão durante o processo de formação têm total influência no desempenho final de uma granja. A Coordenação de Cadeias é similar à verticalização dos setores agroindustriais, porém virtual, onde parceiros com excelência no seu negócio unem forças visando beneficiar o consumidor.
Nesse sentido, muitos pontos têm sido discutidos pelos especialistas: as barreiras sanitárias para se colocar um produto no mercado estão mais exigentes, as concorrentes estrangeiras buscam o protecionismo em seus países dificultando a entrada de nossos produtos, a oferta do produto aumenta diariamente, a margem de lucros está diminuindo e a busca pela rentabilidade torna-se cada vez mais difícil.
Coordenação de cadeias na avicultura
A procura por produtos diferenciados como o frango Caipira, o Label Rouge e o Frango sem antibióticos está crescendo dia-a-dia. Esses pontos geram a necessidade de qualidade em todos os processos e principalmente na ração. Hoje, erroneamente, o milho é tratado como uma matéria prima homogeneizada.
A Syngenta Seeds coordena a produção de seus híbridos para produzir uma matéria prima de qualidade, que possa chegar de forma segregada e preservando seus atributos nas indústrias parceiras, permitindo ao nutricionista expressar o potencial total da ração e assim obter o melhor desempenho com suas aves.
Porém, antes de discutir a qualidade é preciso conhecer o caminho e os participantes desta cadeia: a indústria, que produz ração e tem como matéria-prima os grãos; o setor supermercadista, na figura do comprador da carne do frango e revendedor para o consumidor final, o último elo deste processo. É impossível, portanto, separar a qualidade da produtividade. O processo deve ser acompanhado desde a seleção dos ingredientes que compõem a ração até o ponto-de-venda.
Por isso, deve-se sempre ter em mente que a qualidade do grão ingrediente fundamental na alimentação das aves – é um item que depende de diferentes características físicas e bioquímicas tanto do grão como da planta, que asseguram sua qualidade. O correto gerenciamento do milho híbrido na condução da lavoura, na colheita, no transporte, secagem e armazenamento são fundamentais para se obter um produto de qualidade.
Vale a pena ressaltar que nestes projetos há o envolvimento de instituições de pesquisa e análise, nacionalmente reconhecidas, de pesquisadores e professores de diferentes áreas da cadeia produtiva, além de instituições como Esalq, Universidade Federal de Santa Maria, Ital e outras que estão agregando conhecimento e valor aos projetos. Esta integração tem gerado expressivos ganhos nas indústrias. Itens como mortalidade, taxa de conversão alimentar e rendimento de carcaça obtiveram excelentes melhorias.
Paralelamente, estão sendo testados os grãos NK híbrido por híbrido – junto às indústrias de aves, suínos e alimentação humana. Os agricultores engajados nos projetos estão recebendo bônus pela qualidade dos seus produtos. A Syngenta entende que a sobrevivência do agricultor dependerá de como ele comercializará os grãos de milhos, produzidos a partir seus híbridos.
Os resultados conquistados, após anos de pesquisa e de trabalho junto a vários participantes da cadeia produtiva, sinalizam de forma positiva. Agricultores parceiros desse projeto começam a ser reconhecidos pela qualidade dos grãos produzidos, facilitando assim sua comercialização, gerando liquidez e fluxo de caixa.
Grãos de milho ardidos, atacados por fungos, com micotoxinas, atacados por insetos e com baixo conteúdo nutricional causam sérias perdas nas indústrias, forçando o setor a aumentar os seus preços. Preços estes que o consumidor final está cada vez menos disposto a pagar, ou seja, arcar com a ineficiência do sistema. Mas também é crescente o interesse em saber como foi produzido e qual a qualidade do alimento que ele irá consumir.
Hoje estamos conseguindo aproximar a indústria do agricultor. A preocupação com a qualidade começa a ser percebida por ambos e os benefícios que ela traz também, destaca Eduardo Botelho, Diretor de Novos Negócios da Syngenta Seeds e idealizador do Projeto de Qualidade de Grãos.
O problema da qualidade é pouco discutido, mas pode ser muito mais prejudicial do que as pessoas imaginam. O frango é um animal muito sensível e com uma ração de baixa qualidade, perde desempenho. Há casos de frangos que têm descarte de órgãos internos e até o descarte do animal, o que causa uma enorme perda de rendimento para a indústria avícola. Sem falar que com um grão de menor conteúdo nutricional a indústria ou suplementa a ração, gerando mais custo, ou terá perda na performance desse animal.
Bons Exemplos
Um bom exemplo dos resultados positivos obtidos com o projeto Coordena pode ser conferido na Gale Alimentos, indústria de aves do Centro-Oeste do país, onde através de um projeto piloto foram testadas 400 mil aves com híbridos da Syngenta. A empresa realizou toda a coordenação da cadeia, observando de perto todo o processo, desde a secagem até a preparação da ração.
Para uma indústria que tem seu lucro atrelado ao volume, os resultados foram fantásticos, reduzindo-se a taxa de mortalidade das aves em 2% (de 4,7% para 2,7%), bem como, melhora significativa na conversão alimentar.
Para uma indústria que abate 80 mil aves por dia, 2% é um rio de dinheiro. Com uma ração de melhor valor nutricional, além do desempenho das aves, a indústria pode reduzir algum outro ingrediente utilizado no preparo da ração como o farelo de soja, por exemplo, que é caro, destaca Eduardo Botelho.
– Conversão alimentar é a relação entre a quantidade de alimento consumido para produzir um quilograma de carne.
Um dos aspectos iniciais do projeto era promover um maior ganho por parte das indústrias, mas hoje o projeto está atento a outra vertente, à exigência do consumidor. O consumidor brasileiro começa a revirar os rótulos dos produtos atrás de informações como valor nutricional e até mesmo a forma como foi produzido. Os supermercados, por sua vez, querem ter a qualidade como diferencial dos produtos que oferecem em suas gôndolas.
É preciso entender que a qualidade começa pela semente, na fazenda e não na indústria. Se estivermos atentos ao fato de que 80% da ração das aves é composta por milho, a qualidade dos grãos deve ser encarada como uma exigência e não como um diferencial.
Podemos dizer que o frango é um milho disfarçado, por isso, se ele ingere um grão com baixo valor nutricional ou com toxinas, os consumidores correm um enorme risco. É importante ressaltar que é responsabilidade da indústria enxergar os risco e oportunidades do futuro, onde muitas não terão condições competitivas. Até porque, o governo fiscaliza as condições da carne, mas não o que ocorre antes do abatedouro.
Para o agricultor, a qualidade tem duas facetas: uma é a liquidez, o ponto mais forte, pois a indústria o procura antes para comprar. Outra faceta é o fato de ele ganhar um bônus por produzir dessa forma. Para a indústria intermediária, a industria de aves, os benefícios vêm através do aumento da eficiência e a redução de custos, além do diferencial competitivo.
O projeto promove uma descomoditização do milho, que deixa de ser comprado por volume x preço, mas sim pelo alto valor nutricional que ele possui. Um ponto importante é a contribuição para a solução de outro problema grave e atual, a escassez do milho no mercado, pois o produtor assegura um comprador para o milho que ele vai produzir, além de ser estimulado pela bonificação.