Redação (02/12/2008)- A confirmação da tendência de desaceleração da economia global a partir da divulgação, ontem, de diferentes indicadores que medem o nível de atividade em diversos países derrubou as cotações das principais commodities agrícolas negociadas no mercado internacional.
Na bolsa de Chicago, principal referência para os preços mundiais de milho, trigo e soja, as perdas foram consideráveis, levando os contratos futuros ao menor patamar em pelo menos um mês, de acordo com informações da agência Bloomberg.
A maior queda de ontem foi a do trigo, cujos fundamentos, além das movimentações financeiras, já ajudaram a provocar mais perdas no ano do que as registradas por milho e soja.
Os contratos do cereal com vencimento em março, que atualmente ocupam a segunda posição de entrega no mercado (normalmente a de maior liquidez) recuaram 33,25 centavos de dólar e encerraram o pregão a US$ 5,28 por bushel. Conforme cálculos do Valor Data, com o tombo de ontem a segunda posição passou a acumular baixas de 40,87% em 2008 e de 40,37% ao longo dos últimos 12 meses.
Já os contratos de segunda posição do milho (março) recuaram ontem 17 centavos de dólar, ou 4,65%, em Chicago e fecharam a US$ 3,4875 por bushel. Assim, mostra o Valor Data, o grão passou a acumular desvalorizações de 25,28% neste ano e de 13,14% nos últimos 12 meses.
A soja ontem caiu menos. Os contratos de segunda posição (março) fecharam a sessão a US$ 8,5425 por bushel, baixa de 36,75 centavos de dólar, mas as retrações acumuladas são maiores que a do milho. Em 2008, o recuo chega a 29,65%; nos últimos 12 meses, atinge 22,16%.
Ainda que a maior parte dos analistas continue a sustentar que em casos de crise global como a atual as commodities agrícolas ligados à produção de alimentos tendem a acusar menos a queda da demanda (ver matérias nesta página), o temor de que uma recessão mais profunda perverta essa lógica ainda está vivo. Gregg Hunt, da Fox Investments, afirmou à Bloomberg que os mercados temem sim uma profunda recessão e que, neste caso, nem as agrícolas escapariam de perdas mais severas.
Mais uma vez as commodities agrícolas caminharam no sentido oposto do dólar americano ontem , até porque a lógica nesses mercados é que a moeda fortalecida tira competitividade das exportações dos Estados Unidos.
E o petróleo caiu, o que também colaborou para as retrações apesar de o Departamento de Energia dos EUA ter divulgado que o nível de produção de etanol de milho no país manteve-se praticamente estável em setembro na comparação com o mês anterior, em cerca de 640 mil por dia, frustrando quem acreditava em uma forte queda.