Da Redação 19/05/2005 – Os elevados estoques mundiais, as cotações internacionais menos convidativas que nos últimos anos e a valorização do real em relação ao dólar ainda travam a comercialização da atual safra brasileira de soja no exterior e no país – uma conjuntura que, de acordo com especialistas, tende a perdurar.
No campo externo, relatório divulgado ontem pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) com base em números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostra que, em 15 de maio, os registros de exportação de soja em grão do país somavam 11,878 milhões de toneladas, ou 62,2% do total estimado pela entidade a ser embarcado entre fevereiro último e janeiro de 2006. Em 15 de maio de 2004 eram 17,075 milhões de toneladas, ou 88,7% do volume que seria exportado entre fevereiro daquele ano e janeiro passado. Também estão mais lentos os registros de farelo e óleo de soja.
“A demanda mundial existe, mas com um comportamento diferente. Como os estoques globais estão gordos, o prazo de estoque dos compradores diminuiu. Com isso, as exportações devem seguir lentas”, disse Renato Sayeg, da Tetras Corretora. Ele afirmou que o câmbio é um desestímulo adicional às indústrias instaladas no Brasil, mantendo as exportações em banho-maria e segurando as compras de grãos no mercado interno. Sayeg calcula que menos de 45% da produção brasileira da safra 2004/05 tenha sido vendida até agora, ante média histórica superior a 60% para esta época do ano.
Um especialista ligado às indústrias esmagadoras lembra que, ainda que tenham se recuperado parcialmente nos últimos meses, as atuais cotações internacionais do grão não empolgam. Ontem, na bolsa de Chicago, os contratos com vencimento em agosto registram salto de 12 centavos de dólar por bushel (1,93%) e alcançaram US$ 6,3250. Assim, neste mês de maio os contratos de segunda posição de entrega acumulam valorização de 1%, e a alta desde o início do ano chega a 15,58%. Nos últimos doze meses até ontem, entretanto, a retração é de 23,52%.