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Embrapa esclarece a recente alta no preço da saca de soja

Saca do grão era vendida ontem (10/11) a R$ 50 em Ponta Grossa (PR) e a R$ 45,50 em Rondonópolis (MT). Em abril a saca de soja custava em torno de R$ 35.

Da Redação 11/11/2003 – 05h00 – A explicação para o aumento dos preços da soja nas últimas semanas – a saca era vendida ontem a R$ 50 em Ponta Grossa (PR) e a R$ 45,50 em Rondonópolis (MT) – segundo Antonio Carlos Roessing, pesquisador da Embrapa, está na expectativa de queda da safra norte-americana, que dos 75 milhões de toneladas previstas para os próximos meses caiu para cerca de 70 milhões de toneladas. Em abril a saca de soja custava em torno de R$ 35.

A notícia, em parte estimulada pelos próprios produtores americanos, que estão terminando de colher sua safra agora, trouxe apreensão aos mercados e pressionou a cotação internacional da oleaginosa, inclusive do produto embarcado nos portos brasileiros.

Demanda mundial
 
Roessing também credita o aumento do produto ao “aumento da demanda verificado nos últimos cinco anos”. A causa se deve à recuperação dos “tigres asiáticos” e ao desenvolvimento da última década na China. Estima-se um crescimento de 5,3% na demanda mundial devido à ação comercial desses países, compradores ávidos de soja. A produção de 195 milhões de toneladas teria que crescer mais de meio ponto percentual “para empatar com a demanda mundial”. 

Até agora não existe substituto protéico à altura para substituir a soja na alimentação animal, esclarece Roessing. Um dos substitutos é a farinha de peixe, mas a produção mundial é de parcos 5 milhões de toneladas. A especulação, portanto, continua sendo um forte componente do mercado de soja, especialmente quanto às estimativas das safras dos países produtores. 

Safra paranaense corresponde ao crescimento da demanda mundial 

Até 2007 o mercado internacional vai precisar  de onze milhões de toneladas de soja a mais do que é produzido atualmente a fim de atender a demanda mundial pela oleaginosa. Esse volume corresponde aproximadamente à produção recorde de soja que o Paraná espera colher na safra 2003/04 – que está começando a ser plantada agora.
 
O Paraná é o segundo maior produtor de soja do país. A área da cultura cresceu 5,5% este ano, ocupando 3,8 milhões de hectares – a maior superfície plantada na história da soja paranaense. O Brasil como um todo produz 52,7 milhões de toneladas.
 
Este ano a comercialização da safra paranaense foi mais lenta que em anos anteriores. “O produtor está mais capitalizado”, ressalta o pesquisador da Embrapa Antonio Carlos Roessing. Os preços pagos aos agricultores nacionais tendem a ser maior a partir de agosto, quando a maior parte da safra brasileira já foi comercializada. Mesmo assim, atualmente, segundo o técnico, a quantidade de soja nos estoques paranaenses “é irrisória”. 

Por outro lado, diz o pesquisador, os estoques mundiais vêm subindo continuamente nos Estados Unidos, China e Argentina, o que em sua opinião “não é bom”. Por isso, acredita Roessing, “dificilmente os atuais preços da saca se sustentam”, mesmo porque nos últimos anos o comportamento do mercado tem sido relativamente previsível.