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Endividamento limita próxima safra de grãos

<p>A produção não deverá superar 120 milhões de toneladas e a atual é estimada pela Conab em 119,38 milhões de toneladas.</p>

Redação (02/08/06)- Os setores agrícolas brasileiros devem manter, na próxima safra, o mesmo desempenho alcançado em 2005/06. Na área de grãos, o alto nível de endividamento e a descapitalização dos produtores devem provocar queda na produção. Segundo a Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), a safra não deverá superar 120 milhões de toneladas – a atual é estimada pela Conab em 119,38 milhões de toneladas. Já para os setores de cana-de-açúcar e oleaginosas, há perspectiva de expansão, com o avanço da demanda por biocombustíveis.

A comercialização da soja, no entanto, dependerá de medidas de apoio à comercialização, principalmente no Centro-Oeste, e do alongamento dos prazos de carência para pagamento do crédito rural, segundo Carlo Lovatelli, presidente da Abag, durante o 5 Congresso Brasileiro de Agribusiness. “O produtor está descapitalizado e já não conseguirá repetir a competência técnica dos anos anteriores. O risco é de que as performances sejam iguais ou piores que na safra atual”, disse. Segundo ele, a demanda de 1 milhão de toneladas de óleo vegetal para produção de biodiesel deve trazer algum alento ao setor.

No setor canavieiro, a preocupação é o clima. Luiz Carlos Carvalho, diretor da consultoria Canaplan, disse que o avanço da produção dependerá das condições climáticas neste semestre. No atual ciclo, o clima mais seco provocou uma redução na projeção de safra no Centro-Sul, que passou de 378 milhões para 365 milhões de toneladas.

Para o setor de insumos, o quadro também deve ser semelhante ao da atual safra, disse Francisco Matturro, presidente da câmara setorial de máquinas e implementos agrícolas da Abimaq. “As vendas de insumos vão se estabilizar, mas em um patamar muito baixo em relação a anos anteriores.”

O ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, disse que a Conab divulgará o primeiro levantamento de safra até o dia 20. Ele afirmou que o governo não fará grandes ações para os agronegócios este ano. Entre as prioridades estão a criação de contratos de opção para café e a ampliação de recursos para seguro rural no próximo ano.

Sem a expectativa de uma mudança significativa do cenário macroeconômico com a sucessão presidencial, representantes do setor decidiram discutir com os candidatos à Presidência uma agenda de ações nos agronegócios composta por 15 itens. “São pontos que resolveriam talvez 85% dos problemas do setor e nosso interesse é saber a posição dos candidatos em relação aos nossos pleitos”, disse Lovatelli.

Entre os principais problemas apontados pelo setor estão infra-estrutura, custo-Brasil, sanidade, parcerias público-privadas e segurança fundiária.