Redação (01/11/06) – Em menos de um mês, o preço da saca do grão subiu de R$ 12,50 e R$ 13,50 para mais de R$ 20,00 atualmente e não há disponibilidade física do produto no mercado. Diante da situação, cresce a pressão da indústria moageira e dos segmentos de avicultura, suinocultura e bovinocultura de leite contra a retirada de estoques de milho do Estado pelo governo federal.
O diretor-superintendente da moageira Gem Alimentos, Paulo Sérgio Guimarães Santos, diz que o preço do milho hoje é apenas uma referência, porque na verdade não há negócios com o produto que, simplesmente, desapareceu do mercado nos últimos dias. Segundo ele, o grande problema foi o governo retirar de circulação no Estado 1,5 milhão de toneladas de milho, volume muito superior ao excedente de produção goiano. Ele explica que Goiás produz, entre milho e sorgo, cerca de 4 milhões de toneladas, das quais consome aproximadamente 3 milhões de toneladas.
Retirada
O diretor da Gem Alimentos argumenta que, só para conferir um mínimo de estabilidade ao mercado goiano, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) teria de devolver ao mercado local pelo menos as 500 mil toneladas que retirou de circulação acima da expectativa de demanda. As estatísticas de milho no Brasil são um caso de polícia, pois nunca se sabe o que foi retido na propriedade, mas, com certeza, pelo menos em Goiás, o que resta em mãos do produtor é muito pouco, diz Paulo Sérgio.
Desabastecimento
A opinião do diretor da Gem Alimento é comungada pelo presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás (Faeg), Macel Caixeta, que não descarta um desabastecimento do produto. É muito provável que o País seja obrigado a importar milho, pois, se o produtor tivesse milho em seu poder, com essa elevação de preços, o produto já estaria chegando ao mercado, diz Macel Caixeta. Ele prevê que a situação pode agravar-se no próximo ano, uma vez que a reação de preços do milho só chegou quando o produtor já havia definido o plantio da próxima safra.
Praticamente todos os produtores já adquiriram os insumos e a maioria foi para a soja, não tendo mais como redirecionar o plantio para o milho, que a essa altura seria a melhor opção, diz Macel Caixeta. Segundo ele, há municípios nas maiores regiões produtoras em que 80% das lavouras já estão plantadas, como é o caso de Jataí. É mais uma crise anunciada, que pode ser debitada inteiramente ao descaso do governo para com a agricultura nacional. Só se espera que ele tenha aprendido a lição e no futuro poupe o País de situações semelhantes, diz o presidente da Faeg.