Redação (15/01/2009)- Fator importante no lado dos fundamentos que atualmente colaboram para oferecer uma sustentação mais sólida às cotações internacionais da soja, a estiagem que prejudica as lavouras na Argentina já mostra que trará prejuízo maior que o inicialmente esperado aos produtores do vizinho.
A área plantada no país no fim de 2008/09 levou os analistas a prever uma colheita de cerca de 50 milhões de toneladas na temporada, o que significaria a retomada de uma tendência de crescimento interrompida no ciclo 2007/08, quando a produtividade decepcionou e o volume caiu.
"As previsões por lá sinalizam que a colheita deverá ficar mais perto de 40 milhões de toneladas", afirma Antonio Sartori, da corretora gaúcha Brasoja. No relatório de oferta e demanda de grãos que divulgou na última segunda-feira, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) reduziu pouco a previsão para a produção argentina, mas novos cortes são esperados.
Para o USDA, a Argentina ainda colherá 49,5 milhões de toneladas em 2008/09, 1 milhão a menos que o estimado em dezembro. As exportações do país, conforme o órgão americano, poderão atingir 14,4 milhões de toneladas, apenas 300 mil a menos que o projetado em dezembro. A Argentina é o terceiro maior país exportador de soja do mundo, atrás de EUA e do Brasil.
Para produtores e analistas argentinos, os números do USDA são irreais e a possibilidade de recuperação da safra é nula. Nesta semana, o clima permaneceu seco em importantes regiões de grãos do país nas províncias de Córdoba, Santa Fé e Buenos Aires, para as quais chuvas são esperadas apenas na semana que vem, segundo previsões meteorológicas acompanhadas pela agência Dow Jones Newswires.
As mesmas previsões apontam alívio também no Sul do Brasil, onde a seca restringe a safra de grãos. No Rio Grande do Sul e no Paraná, como já informou o Valor, as perdas são significativas e colaboraram para reduções nas projeções para a safra nacional. No caso paranaense, a quebra no milho é até mais expressiva.
Ontem, na bolsa de Chicago, o clima na América do Sul voltou a influenciar os preços da soja. Traders acompanharam as previsões de continuidade da estiagem na Argentina, mas um movimento de realização de lucros conteve eventuais altas de preço. Os contratos com vencimento em março encerraram a sessão a US$ 9,7150 por bushel, sem variação em relação à véspera. Os papéis do farelo subiram, mas os do óleo de soja recuaram.